CapÃtulo 21
-- Oh Isa... – chamou baixinho olhando de um lado a outro, certificando-se de que Melissa não estava por perto.
-- Oi! – estava deitada no sofá, terminando de ler alguns textos de uma das matérias da universidade.
-- Isa é que eu ouvi, SEM QUERER... - adiantou-se em explicar antes que a loirinha brigasse - Um papo seu com Melissa e quero saber se isso funciona.
-- O que você ouviu?
-- Aquele lance de falar a verdade, isso funciona?
-- Como assim? – endireitou-se no sofá ficando um pouco mais sentada.
-- Assim oh Isa, vocês “tava lá falando qui” tinha de sempre falar a verdade, ai eu pensei se isso funciona.
-- Lógico que funciona, somos honestas, e sempre falamos a verdade uma com a outra.
-- Isa... – coçou a cabeça – será “qui se eu for assim com Débora ela vai ficar como tu fica” com a Melissa?
-- E como eu fico com Melissa? – perguntou prevendo a resposta catastrófica.
-- Fica boba. O seu olhar pra ela, parece que “tá vendo filme em 3B, tá ligada”? Daquele jeito que nem pisca. – Isadora continuava sem entender até onde aquela conversa iria, mas se divertia.
-- Júnior a sinceridade é algo essencial em uma relação. Não existe namoro, casamento ou até mesmo amizade sem a franqueza e jogo limpo. – lembrou-se da morena e do quanto a amava, passou a mão pelo rosto para despertar dos seus próprios pensamentos - Esta forma de olhar para Mel a que você se refere, é admiração, amor, confiança, segurança, um misto de todos esses sentimentos, e não é 3B é 3D. – corrigiu.
-- Ah! – pensou um pouco – “Então se eu falar pra Débora a verdade ela sempre vai sentir isso ai qui” você falou por mim? E vai me olhar 3D? – perguntou com ar de dúvida.
-- Não sei, não posso saber o que ela sente por você, mas, ser sincero contribui para que ela o admire e respeite como homem.
-- Isa, eu vou ser sempre sincero com ela. – disse orgulhoso.
-- Parabéns por sua iniciativa. Acredito que ela vai adorar. – concluiu sorrindo com a atitude do rapaz.
-- Isa, isso vale com pai também?
-- Como assim?
-- Ser sincero com meu pai?
-- Claro. – sorriu – Ele chegou de viagem?
-- Ainda não, mas “vou em casa semana que vem”, ta ligada?
-- Ótimo! – sorriu.
-- Melissa não tá? – vasculhou o espaço com o olhar.
-- Foi para o escritório, é dia de estágio. – o rapaz sentou em uma poltrona e ficou olhando para o nada pensando. Isadora resolveu continuar estudando, até ser novamente interrompida.
-- Oh Isa, o que tu tá fazendo?
-- Estudando... – olhou em sua direção – O mesmo que você deveria fazer. Este texto é para ser entregue depois de amanhã.
-- Eu “tava” estudando até agora, “tava” lendo um livro bom que peguei lá no escritório, só que a história dele é muito difícil.
-- Qual foi o livro?
-- Um lá bem grosso assim. – mostrou com os dedos o volume de páginas do livro.
-- Não sabe dizer como é a história?
-- Era difícil, nem lembro mais o começo.
-- Pega lá que eu lhe ajudo. – realmente Isadora sentia a necessidade de ajudar Júnior, ela também sentia um carinho imenso pelo rapaz e ficava triste quando ele não se saia bem em alguma matéria.
-- Tá bom, mas acho que só Melissa “mermo” pra entender, o livro é dela né? – levantou-se e foi até o quarto pegá-lo.
-- Ah, só se for um desses livros do curso de Direito, ai sim, só ela mesma para explicar. – sentou e ficou aguardando o rapaz retornar.
-- Oh Isa, o escrevente é Au re li o... – leu assoletrando com um pouco de dificuldade – Bu ar qu ê dê Ho lan da – caiu na gargalhada. Isadora geralmente era uma pessoa que argumentava, expressava suas opiniões e criava histórias a partir de suas próprias experiências, mas, com Júnior ela sempre ficava sem palavras, e desta vez não foi diferente.
-- Júnior, por que você está sorrindo assim? – perguntou temendo a resposta.
-- Oh Isa, é “qui eu pensei qui” Holanda fosse um estado sabe, mas aí, vi agora “qui” é nome de gente. – Isadora enfiou o rosto dentro das apostilas, contendo um grito que pedia para sair, quando ouviu o barulho de chave na porta e logo em seguida o sorriso de Melissa em sua direção, acalmando sua paciência.
-- Oi povo! – foi em direção a Isadora com um sorriso estampado – Oi meu anjo. – beijou a cabeça loira.
-- Oi Melissa! – Júnior respondeu sorridente com o livro na mão.
-- Mel... – disse com uma expressão de quem pede por ajuda.
-- Aconteceu alguma coisa? – perguntou acariciando o rosto da loirinha que acabava de se levantar.
-- Não pergunta Melissa, por favor, não pergunta. – suplicou, enfi*ndo em seguida o rosto no corpo maior.
-- Sabe o “qui” foi, Melissa? Eu peguei um livro seu pra ler, ai não entendi, “tá ligada”? Isa ia me explicar, mas quando falei quem era o escrevente ela ficou assim. – aproximou-se da morena e falou baixinho - Acho que já deve ter visto que ele é “mermo” difícil, “tá ligada”?
-- Que livro é esse Júnior? – perguntou ainda abraçada à loirinha que enfi*v* cada vez mais a cabeça no corpo maior como quem procura proteção.
-- Esse aqui. E “danado é qui eu pensava qui” Holanda fosse estado, e não nome de gente.
-- Júnior, isso não é um livro, é um dicionário. – explicou pegando-o em suas mãos – E Holanda não é estado, e sim país. – apertou mais a pequena contra seu corpo, apoiando-a.
-- Oh Melissa, o troço tem formato de livro, jeito de livro, letrinha miúda de livro, como “qui” não é livro? Até cheira a livro oh! – cheirou folheando-o - E aqui tem o nome do escrevente. – apontou o nome Holanda e voltou a cheira-lo. – Tem o teu cheirinho. – Melissa revirou os olhos apertou o abraço.
-- Vem Isadora, por favor, vem comigo porque isso pode ser contagioso. – saiu com a loirinha entre seus braços.
-- Será que ouvi mesmo isso? – era a vez de Isadora ficar espantada. – Não é escrevente, é autor. – corrigiu o amigo.
-- Mas Isa, autor num é de filme?
-- Não fica assim amor. – puxou mais uma vez entre seus braços.
-- Eu tento achar normal, mas fico estarrecida quando o negócio é fundo demais.
-- Essa eu sei: é estar... estar... isso ai mermo que você falou Isa, isso quer dizer “qui” ela é do estado de Recife. Acertei? – perguntou sorridente.
-- Quero uma dose de uísque duplo para aguentar a aula. – concluiu baixinho no ouvido de Isadora.
-- Amor, nem triplo vai funcionar, e você ainda corre perigo de me deixar na mão logo mais. – respondeu no mesmo tom de voz.
-- Ei vocês tão falando de que? – perguntou ansioso.
-- Vamos pedir comida para o jantar... Estou vendo o que Mel quer comer. – adiantou-se em explicar prevendo o próximo absurdo.
-- Ah, “tô ligado”! – sorriu coçando a cabeça – “Mas eu num vou comer” com vocês, vou sair com Débora, quero conversar com ela.
-- Que bom meu amigo! – a loirinha sorriu e piscou para Melissa – Vai sim, fica por lá e aproveita, Débora estava tão tristinha hoje...
-- Isa, enquanto isso, vamos ao escritório, quero conversar com você. – a morena estava séria, fato que deixou a loirinha preocupada. As duas permaneciam com as mãos entrelaçadas e quando estavam entrando no local, escutaram um grito.
-- ISA! Eu “tô” com uma ideia aqui dentro da cabeça, vem logo ouvir antes que ela fuja.
-- Já vou Júnior, espera ai... Deixa a Mel conversar, e depois vejo sua ideia. – respondeu após observar a expressão de Melissa.
-- Isadora, esse cara é legal, até divertido, mas estou com saudades da nossa intimidade, do nosso bom nível cultural...
-- Amor, eu sei o que você quer dizer, mas o pai dele não parece ter pressa em ajuda-lo. – passou a mão no rosto da morena – Acho até que gostou que ele ficasse aqui com a gente.
-- Ah não! Como vai ficar nossa privacidade? Aquele lance de ficar a vontade, nos amando em qualquer local do apartamento, sem medo que alguém nos pegue? – passou a mão pelo cabelo – Adoro andar a vontade quando estou na minha casa, nem isso eu posso.
-- Não fala assim meu amor, fico tão triste, sinto tanta culpa. – abaixou a cabeça com os olhos marejados. Melissa percebeu a voz um pouco embargada da pequena.
-- Ei, não estou brigando com você e nem muito menos lhe culpando, apenas triste por não poder lhe curtir em todos os lugares, e da maneira como eu gosto. – levantou o queixo da loirinha e beijou seus lábios.
-- Vou tentar resolver este problema – estava triste.
-- Desculpa pequena, não quero lhe pressionar. – viu como Isa estava chateada – Olha, apesar de tudo, ele é até divertido... Imagina só isso: descobrimos que Holanda não é estado, e sim nome próprio.
-- Melissa! – empurrou a cabeça contra o corpo maior.
-- Vem aqui, vou lhe mostrar como se ler o dicionário, “e até ensina o ypsilony”. – neste momento foram interrompidas por Júnior.
-- Isa, “agora se esqueci” da minha ideia! – coçou a cabeça, envergonhado por pegar as duas se beijando – Vou embora, Débora “tá” me esperando lá embaixo.
-- Sem problemas, depois você lembra e me conta.
-- Tá bom. – saiu após se despedir.
-- Estamos sozinhas, pelo menos por hoje. – concluiu puxando a morena que estava séria. – Estou tendo uma ideia aqui na cabeça... – apontou para a cabeça loira e sorriu – Melhor você me ouvir logo antes que ela fuja. – a morena começou a rir.
-- Ela é boa? – lançou aquele olhar intenso e cheio de malícia que Isadora amava - Olha, valendo a pena, seguro essa danada com as mãos só para aproveitar este momento só nosso, e ela se propagar na sua cabeça.
-- Podemos começar a colocá-la em prática agora. – beijou sua boca – Iniciando por isto. – começou a abrir os botões da camisa de Melissa.
-- Isso é bom... – Isadora passeava com a mão pelo corpo recém-descoberto – É gostoso...
-- Só gostoso? – mordia de leve o abdômen bronzeado e definido – Tenho várias ideias, poderíamos colocar todas em prática hoje. – neste momento sentiu a língua da morena em seu pescoço.
-- Pode desde que eu possa também me divertir. – havia colocado as mãos por dentro da bermuda de Isadora e acariciava suas nádegas, puxando-a contra seu corpo.
-- Melissa... Eu lhe quero. – continuou beijando-a.
-- Vem cá pequena... – pegou Isadora, colocando-a no braço – Cada dia eu lhe quero mais. – entregaram- se ao amor
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As duas permaneciam namorando, sentadas no tapete da sala, Isadora servia um maravilhoso café da manhã para sua morena, que aparentemente, estava esgotada em decorrência da maratona estabelecida pela loirinha, e a noite mal dormida.
-- Experimenta isso aqui meu potinho... – ofereceu um pequeno sanduíche para a morena que recebeu direto na boca.
-- Hum... Adoro as coisas que você faz, ainda mais quando enche de requeijão. – concluiu com um tom cheio de malícia.
-- Quais coisas? – começava a se insinuar – Sabia que ainda posso ronronar e miar? – lembrou-se da noite que sentiu prazer só em pensar na morena, enquanto se tocava.
-- Vou pegar o pote de requeijão para derramar em você, gatinha. – Melissa tentou se levantar, mas foi impedida por mãos rápidas que tocaram sua pele, por baixo da camisa, deixando-a excitada.
-- Oi meninas... – Júnior cumprimentou após entrar e interromper o namoro, cortando o clima que havia se instalado.
-- Que cara essa? – perguntou um pouco envergonhada, pois foi pega com a mão por dentro da camisa de Melissa.
-- Outra noite com muita física? – foi à vez de Melissa tentar amenizar a vergonha que também estava sentindo.
-- Não... Aí, eu conversei com Isa ontem. – fez uma cara triste.
-- O que conversamos ontem Júnior?
-- Falar a verdade, tá ligada? – suspirou – Eu falei a verdade pra Débora, e ela ficou com raiva.
-- Ela ficou com raiva por que foi sincero? – perguntou surpresa.
-- Espera ai. – fez um sinal com a mão - O que você falou Júnior? – foi à vez de Melissa se pronunciar.
-- “Qui sai com umas mina, tá ligada”? Ai ela pirou.
-- Júnior! – Isadora gritou - Como você foi sair com outras mulheres? – estava irritada.
-- Júnior isso não se fala. – Melissa o repreendeu, e em seguida recebeu uma tapa no ombro – Falei alguma mentira? – Isadora estava com o cenho fechado em sinal de repreensão.
-- Quer dizer que você trairia com a cara mais lavada? – Isadora começava a se segurar, seu ciúme estava no limite.
-- Lógico que não! – adiantou-se em gritar – Isa, qual seria a hora que conseguiria essa façanha? Nós moramos juntas e ficamos quase todo o tempo juntas, e quando nos separamos, estamos em aula ou eu na empresa. – argumentou.
-- Por que fica ensinando essas coisas cafajestes para o garoto?
-- Foi só minha opinião... – levantou-se saindo atrás da loirinha - Como ele chega para namorada e diz uma coisa assim no cru? – tentou se justificar, mas, parecia que se enrolava cada vez mais.
-- Era para ser assado? – Júnior interrompeu.
-- NÃO ERA PARA SER NADA... – Isadora respondeu tentando sair, mas foi impedida por Melissa.
-- Igual aquilo “qui” tu fala sempre Melissa.
-- O que? – perguntou e depois segurou a mão de Isadora, beijando-a na tentativa de acalmar a irritação da sua pequena.
-- Eu “tô” passando pela lei dos “mupetes”. – sentou derrotado e olhou para as duas – “Ei Mel, você é quase adivogada, né?” Como se faz pra não passar por essa lei?
-- Acredito que ainda não tenho conhecimento para isso. – olhou Isadora que permanecia com uma expressão fechada – Até acho que vou ser enquadrada nesta lei de Murphy, e não “muppets”, ainda hoje.
-- Verdade? E você não pode conseguir uma “eliminar” com um advogado que entende? Meu pai fala muito nisso.
-- Júnior, não é eliminar, é LIMINAR – Isadora gritou, perdendo a paciência com o rapaz e saiu.
-- Agora nem eliminar ou liminar, acabei de ser enquadrada em algum artigo tenebroso. – fez uma careta e foi atrás da loirinha.
Isadora foi para o quarto, Melissa entrou em seguida e tentou abraça-la, mas foi empurrada.
-- Qual é Isadora? Vai ficar chateada comigo por causa do Júnior? – jogou-se na cama e ficou observando a loirinha separar a roupa que iria vestir.
-- Não é por causa do Júnior. – olhou em sua direção – Foi a sua forma de pensar que me irritou.
-- Por que disse aquilo sobre traição?
-- Acha pouco? – encarou a morena – Melissa esta é a forma como você pensa, e não fiquei nada satisfeita com ela. – deu as costas - A qualquer momento, você vai me trair, e depois ficar calada?
-- Não acredito que você pensou isso sobre mim? – foi à vez de Melissa se levantar e virá-la, deixando-a de frente – Nunca brigamos por desconfiança e agora, depois de tudo o que passamos você entra nesta de traição? – cruzou os braços – Isso é alguma pegadinha? Onde estão as câmeras? – foi irônica.
-- Não é pegadinha, senhorita sabe tudo. – empurrou a morena com o dedo indicador – Sabe muito bem que conheço sua lista infinita de conquistas, sua fama e forma de pensar.
-- Então o que você está fazendo comigo? Sou tão complicada assim? Tão vadia? Minha forma de pensar lhe incomoda? Tenho uma solução simples: cada uma vai para um lado. – descruzou os braços e observou a loirinha que estava com os olhos fixos nos seus.
-- Isso é o que você quer?
-- Não é, mas se for para ficar com inseguranças e essa cisma, vai ser melhor.
-- Cisma Melissa? – voltou a empurra-la com o dedo indicador – Quem estava insuportável algumas semanas atrás quando fui almoçar com Roberta?
-- Ah! Sabia que tinha de envolver a “inha”. – retrucou com deboche.
-- Não estou envolvendo ninguém, apenas constatando que você, também, tem suas inseguranças. – cruzou os braços e ficou olhando para cima, encarando os olhos azuis que estavam próximos aos seus - Acha que isso também não é cisma com Roberta? – apesar de Melissa estar irritada com a reação da sua pequena, não resistiu às lindas esmeraldas que permaneciam fixas em seus olhos.
-- “Meu Deus, até irritada é linda!” – pensou após sentir um dedo lhe empurrar novamente pelo ombro. Ela não resistiu e puxou Isadora pela nuca, envolvendo-a em um beijo, acabando de vez com aquela discussão sem fundamento. Isadora se entregou a exploração da língua quente da sua morena. - Passei muito tempo sem isso e... – beijou de leve os lábios da pequena – Não quero mais perder com coisas sem futuro. Eu lhe amo. – declarou olhando dentro das esmeraldas, para que elas sentissem a sinceridade em suas palavras – Você é meu tudo. Acha mesmo que lhe trairia? – Isadora havia fechado os olhos, e ficou ouvindo aquelas palavras, sentindo os doces beijos de Melissa.
-- Ahã?
-- Nada, acho melhor resolvermos isso de outra forma. – puxou Isadora mais perto e se jogou na cama, colocando-a por cima do seu corpo.
-- Mel...
-- Hum...
-- Essa foi nossa primeira “DR” como um casal. – constatou entre um beijo e outro.
-- Isa...
-- Hum...
-- Cala a boca e me beija.
-- Insuportável...
-- Baixinha irritante...
Fim do capítulo
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Suzi
Em: 13/06/2017
Isa pegar no pé da Melissa só por um comentário pra lá de normal?? Tu tava doida pra ela te pegar de jeito isso sim danada.
Junior sempre se superando.
Resposta do autor:
Isa fica insegura, mas quem não ficaria com aquele mulherão? kkkkkkkkkkkk..... E Junior só piorou as coisas.
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