CapÃtulo 9
No outro dia, logo cedo, Melissa acordou e sentiu algumas partes do corpo suado, e não pode deixar de rir, após observar a causa daquele calor localizado e repentino. Isadora estava tão grudada ao seu corpo que parecia querer penet*á-lo. Tentou desvencilhar-se, sem sucesso. A cada tentativa, a loirinha se aproximava mais. Ela acabou desistindo e ficou ali, observando o corpo menor dormir por cima do seu. Lembrou-se de ter sonhado com um beijo que a loirinha tinha lhe roubado, fechou os olhos e sentiu o gosto daquela boca. Em um ímpeto, ela se aproximou da boca de Isadora, beijando-lhe levemente os lábios, quis repetir, mas a amiga se mexeu e ela ficou com medo.
-- “Meu Deus! O que estou fazendo? Ela é minha melhor amiga, e ainda ama outra pessoa. Melissa, você está sendo, no mínimo, uma idiota... cafajeste!” – pensou se recriminando. – “Eu sou heterossexu*l*, eu gosto de homens, garotos lindos... gatinhos... Loirinha, de olhos verdes como esmeralda...” – tentava convencer a si mesma – “A quem estou enganando? Será que estou mudando de lado? Acho que não, estou apenas transferindo os desejos de Isadora para mim. Mas por que a beijei e gostei? Porque quero repetir a dose? Ai... ai...ai... Melissa é melhor você tomar um banho gelado logo!” – sorriu – “Só mais um beijinho...” – aproximou a boca dos lábios de Isadora, e deu um selinho. Aspirou seu cheiro, e voltou a beija-la: uma, duas, três vezes e sorriu – “Pequena, você é minha perdição, ao mesmo tempo em que também é a minha salvação.” - Quase uma hora depois, Isadora abriu os olhos, bocejando e depois se espreguiçando, para só então perceber onde estava e, encarar uma expressão zombeteira nos olhos da morena.
-- Espero que seu novo bichinho de pelúcia tenha lhe feito muito bem esta noite. – Isadora olhou em volta e só então se deu conta do que a morena falava, ergueu-se preocupada e passou a mão pelo corpo da morena.
-- Sua dor passou? – mesmo preocupada, não segurou o rubor em consequência ao comentário de Melissa.
-- Com uma noite como esta? Qualquer dor passaria – piscou e saiu da cama, indo em direção ao banheiro. – “Por que fiz isso? Eu também não perco essa mania de paquerar todo mundo... eu sou heterossexu*l* e Isadora minha amiga que ama outra garota. E agora quero tomar um banho gelado. Não vou entrar nessa de experimentar esse lado, minha amiga não é cobaia!” – dizia para si mesma enquanto se dirigia ao banheiro e não percebeu a loirinha lhe seguindo, na verdade, Isadora não havia entendido a colocação da amiga e foi procurar explicações. Melissa parou de repente, lutava contra seus próprios pensamentos. – “Heterossexu*l* só curte um lado da moeda, mas, se eu tivesse oportunidade não teria desgrudado um só minuto dessa boca gostosa...” – quando ela parou, Isadora esbarrou no corpo maior, fazendo-a despertar dos seus pensamentos.
-- O que quis dizer? – perguntou intrigada chamando atenção da mulher mais alta que achou melhor sair apressada em direção ao banheiro.
-- O que acha? Disse que a minha noite foi maravilhosa. – a loirinha ficou com medo de que a morena tenha percebido seus beijos roubados durante a noite.
-- Eu não lhe atrapalhei? – perguntou com a voz um pouco embargada.
-- Não. A noite realmente foi maravilhosa – repetiu com um ar pensativo, referindo-se ao sonho com o beijo, além de ter acordado abraçada a loirinha e depois tê-la realmente beijado. – “Cala essa boca Melissa! Será que vou ter que fazer terapia? Não entendo, aliás, entendo e não quero entender... ai... ai... ai!”.
Isadora estava vermelha com a revelação da morena, mas, ao mesmo tempo feliz. Melissa tomou um banho rápido e foram tomar o café da manhã na companhia de Eliezer, e, depois saíram para cavalgar. Imperador estava acostumado com os carinhos de Melissa, e parecia até espera-la para os passeios matinais que acabavam sempre com um maravilhoso banho de rio. Os dias passaram voando, e logo o Natal chegou.
-- Papai, por favor! Vai ser a primeira vez, e eu nunca peço nada para vocês, esta é a primeira vez. – pediu quase chorando.
-- Cristina, seu avô está irritado por não tê-la aqui durante as férias, imagina passar o Natal sem você? Nada disso, amanhã Enrico lhe pegará.
-- Pai...
-- Cristina, a conversa está encerrada. – Melissa desligou o telefone com uma expressão de tristeza, Isadora ao perceber foi em direção à amiga, levando-a até a varanda.
-- O que aconteceu? – perguntou se abraçando a morena.
-- Papai vai mandar o Enrico me pegar amanhã, ele exigiu minha presença no Natal. – Isadora a observou bem, e lhe beijou a face. Melissa a olhou com carinho, e retirou uma mecha do cabelo loiro que lhe cai pela face.
-- Mel, Natal é uma época familiar, todos querem as pessoas que mais amam por perto, é natural que ele tenha exigido isso.
-- Então, deveriam perguntar o que eu quero... Com quem eu quero passar. – estava com os olhos umedecidos.
-- E o que você quer? – estava hipnotizada com os olhos azuis.
-- “Você!” – pensou enquanto olhava dentro dos olhos verdes. - Passar o Natal com vocês. – respondeu resignada. Queria confessar que estava gostando dela e havia tornado como hábito noturno lhe roubar beijos enquanto dormia. Isadora beijou a mão que acariciava seu rosto. Melissa respirou fundo e tomou coragem para perguntar: Isa, você acha que Bárbara vai aparecer ou ligar para desejar um bom Natal?
-- De onde tirou isso Melissa? – estava surpresa com a pergunta.
-- Você mesma acabou de dizer que Natal é uma época onde as pessoas que se amam procuram ficar juntas.
-- Mel... Eu e a Bárbara? – acariciou o rosto moreno - Nós não temos mais nada, você sabe disso. – respondeu de forma carinhosa, passando a mão pelo rosto da morena.
-- Outro dia vi você conversar com o vô Eliezer... - pensou um pouco olhando para o chão e voltou a olhar dentro dos olhos verdes - Você falava que a amava muito e... – não encontrava as palavras certas - fiquei aqui pensando se sente saudades dela.
-- Mel o que você ouviu, na verdade foi...
-- Isadora... – gritou um garoto sentado em um lindo cavalo negro, interrompendo a conversa entre as duas.
-- Quem é Isa? – perguntou Melissa fechando o semblante.
-- Filho do vizinho, espera que vou lá ver o que ele quer. – saiu correndo, estava pensando se o matava sem tempo para defesa, ou o torturava, dando-lhe tempo para se defender e depois o matava.
-- Oi Isadora, vim aqui lhe chamar para tomar banho lá no rio – falou baixinho - com este calor... Seria muito bom ter sua companhia. – estava um pouco envergonhado.
-- Anderson, minha amiga partirá amanhã e estamos arrumando as suas malas.
-- O que? Uma quase freira levando muita bagagem? – arregalou os olhos com surpresa - Elas só usam uma roupa, não é? – Melissa não gostou da forma como o rapaz conversava com Isadora, e resolveu se aproximar e averiguar melhor o que estava acontecendo.
-- Isadora, vamos terminar lá dentro o que já começamos? – perguntou de braços cruzados se segurando para não esganar o jovem. Anderson ao ver Melissa ficou impressionado com a beleza da morena, observou as musculosas coxas e pernas bem delineadas. Uma camisa amarrada na cintura mostrava um pouco do abdômen trabalhado, deixando muito pouco para imaginação.
-- Ela que quer ser freira? - perguntou quase babando com a imagem da morena.
-- Freira? - foi à vez de Melissa perguntar.
-- Ela mesma, Anderson. - respondeu vencida, observando a expressão da amiga - Acho melhor você ir embora e depois conversamos. - Melissa não entendeu o motivo da mentira.
-- Olá! – desceu o cavalo, ignorando o comentário de Isadora, e estendeu a mão. - Meu nome é Anderson, sou vizinho do senhor Eliezer e vim convidar vocês para um banho de rio... Está muito calor... – disparou, estava completamente enfeitiçado pela adolescente de olhos azuis.
-- Anderson, ela vai embora amanhã, e nós vamos arrumar suas malas. – repetiu, mas desta vez estreitando os olhos.
-- Olha se me permite uma verdade, você é muito linda para ser freira, pense bem nisso, propostas para lhe “galantear não vão” faltar. – Melissa se controlava para não ri.
-- “Freira? E essa agora?” - pensou segurando o sorriso. - Obrigado pelo elogio, mas hoje não poderei ir, estou cheia de coisas para arrumar.
-- Tudo bem, mas amanhã eu venho lhe pegar Isadora... - continuou olhando as pernas de Melissa, irritando ainda mais Isadora - Amanhã você não me escapa! - beijou o rosto da loirinha e voltou a montar em seu cavalo - Olha moça, você é muito linda, mas a minha princesa é mais. - piscou para Isadora e saiu. Sem perceber a expressão de raiva da morena e o queixo da loirinha que só não caiu porque estava fixo pela mudança brusca do “alvo”.
-- Que papo é esse de “minha princesa”? E essa história de freira? O que está acontecendo Isadora?
-- Mel, eu só inventei esse negócio de freira para nos livrarmos destas festas onde todos querem saber da vida dos outros... – tentou se explicar e não ativar a fúria da morena - ele tinha me convidado e eu não sabia o que dizer...
-- Está rolando alguma coisa entre vocês? - perguntou interrompendo a loirinha.
-- NÃO! Você sabe que minha praia é outra, eu gosto de garotas, e a que eu amo...
-- A que você ama... – olhou ao redor – não está aqui. - respondeu com ironia. - Acho melhor entrar e começar a arrumar minhas coisas.
-- Melissa, espera, eu tenho uma coisa importante para lhe dizer - respirou fundo, procurando forças para se declarar, queria dizer que naquela noite, estava se referindo a ela e não Bárbara - Mel eu...
-- Melissa, você pode vir aqui? - gritou Eliezer sem imaginar que acabava de atrapalhar outra oportunidade da sua neta se declarar a pessoa que mais amava.
-- Depois nos falamos, melhor ver o que ele quer. – Isadora concluiu vencida.
-- Tudo bem. – “Ela quer fugir do assunto. No mínimo está pensando que irei julgá-la por querer voltar para aquela... aquela... biscate de meia tigela”. - Sim vô. – virou-se irritada e foi em direção ao velho homem.
-- Quero que leve este rapaz com você, fica sendo meu presente de Natal. - referia-se ao cavalo.
-- Vô Eliezer, ele é um cavalo caro, puro, não posso aceitá-lo.
-- Querida, para que me servirá se apenas você consegue montá-lo? Além do mais, ele se acostumou em sair para cavalgar todos os dias, quem iria fazer isso aqui? Isadora? Ela só não prefere uma mula porque eu não tenho. - recebeu um sorriso irônico da neta - Leve-o, fica sendo nosso presente - puxou a neta para um abraço.
-- Obrigada vô. - abraçou-se aos dois e depois foi até o cavalo, beijando-o em seguida - Nós vamos nos divertir muito garotão.
Melissa ligou para o pai e explicou sobre seu presente, pediu que lhe arranjasse um transporte confortável para levar Imperador até a fazenda. Quando voltou para o quarto, viu Isadora deitada na cama com uma expressão triste.
-- Isso tudo é saudades do seu amor? - perguntou acariciando o rosto da loirinha, recebendo um sinal de positivo com a cabeça. - Quer que eu vá conversar com ela? Posso incentivá-la a vir passar o resto das férias com você.
-- Você não entende não é Melissa? - olhou para morena, e aqueles olhos verdes refletiam uma decepção que Melissa não entendia.
-- Não. Eu não entendo você quer me explicar?
-- Não é nada - arrependeu-se, ficou com medo de brigar com a amiga e não ter mais tempo de se reconciliarem. - Vamos terminar isso aqui logo, quero ter minha última aula de defesa pessoal.
-- Isadora, eu sei qual será sua resposta, mesmo assim quero me arriscar em fazer a pergunta... Você não quer ir comigo para fazenda amanhã? Em janeiro voltamos e...
-- Não Mel, eu não deixarei meu avô sozinho - enxugou suas lágrimas - Você ficará bem com seus familiares... Nós só temos um ao outro.
-- E seus pais?
-- Melissa, você acha que papai deixará de passar as comemorações de final de ano em algum evento da sociedade para se enfi*r em um sítio no interior do interior? - estava irritada - Acha que mamãe vai deixar de viajar para ficar aqui? - Melissa viu que aquela família era formada apenas de duas pessoas, desejou ficar ali com eles, mas sabia que seus pais, e, principalmente seu avô, não a deixaria ficar longe de casa.
-- Isa, eu sai de casa tão... - procurou achar a palavra certa - repentinamente, que não comprei nada para você, desculpa.
-- Bobagem Mel, sua companhia foi à coisa mais importante. – Melissa sorriu e acariciou o rosto da loirinha.
-- Eu sei, porque a sua também foi para mim. – Isadora beijou sua mão. Melissa estava encantada – Isadora, eu quero que fique com isto - retirou uma correntinha do pescoço, com uma lua minguante e entregou à amiga - Vou colocar em você e toda vez que sentir minha falta, só aperta-la forte e vai me sentir. – sorriram.
-- Hoje você está tão sentimental, Melissa Cristina - brincou.
-- Oh sua pequena! Irei lhe judiar com a maldição dos dedinhos - fez gestos com os dedos para ataca-la.
-- Melissa, se você se aproximar para fazer cócegas, serei obrigada a colocar as minhas aulas de defesa pessoal em prática.
-- Acabarei com você sua pequena! - as duas começaram a brincar, abraçaram e Melissa se colocou por cima do corpo menor, encarando-a,
-- Mel, esta é a nossa última noite juntas este ano. - estava como os olhos úmidos.
-- Ainda bem que é só deste ano, porque nos outros estaremos firmes e fortes, sempre juntinhas. – respondeu sem deixar de olhá-la fundo dos olhos.
A noite de Natal foi triste para as duas jovens que permaneciam distantes. Melissa sentou-se na varanda e ficou observando a noite estrelada, desejou que sua amiga estivesse ao seu lado, não imaginava que há quilômetros de distância dali, uma loirinha suspirava a cada lembrança, apertando fortemente a correntinha, como se aquele objeto fosse o corpo da sua morena.
-- Deveria ter aceitado o convite dela - disse o velho Eliezer ao passar pela sala e perceber os suspiros da neta.
-- Ah vô, nossa família se resume a praticamente nós dois, que graça teria o Natal sem o senhor?
-- Sabe minha filha, eu acho que deixei muito a desejar na criação da sua mãe, ela se tornou alguém egoísta - observou a neta - mas com você foi diferente, eu caprichei bastante - sorriu.
-- Vovô, antes o senhor era a pessoa que mais amava em todo o mundo - abriu os braços para demonstrar a dimensão do sentimento.
-- Hum... E agora? Sou o segundo? - perguntou sorrindo.
-- Não vô, não tenho como medir... - pensou - Eu daria minha vida pelos dois... Vocês são as pessoas mais importantes na minha vida.
-- Não diga isso meu amor. Diga que daria seu amor pelo resto de nossas vidas. – a corrigiu em um tom triste.
-- Vô, eu tenho percebido algumas coisas, talvez seja impressão somente, talvez não... - estava completamente sem jeito de abordar o assunto - No dia que chegamos o senhor parecia já conhecer Melissa.
-- Para observar o amor que ela sente por você, ai sim, está completamente cega - fez ar de falsa repreensão - Para investigar a vida alheia, eis que encontramos Isadora.
-- Vai vô, o senhor sempre tem disso, quando não quer falar sobre alguma coisa, muda logo de assunto, até parece a Melissa. - o velho sorriu e sentou de frente para a janela, observando as estrelas, enquanto sua neta permanecia deitada no sofá.
-- Há muitos anos atrás, eu conheci uma jovem muito simpática chamada Cristina. - olhou para a neta e voltou a olhar as estrelas - olhos azuis, infinito como o céu, cabelos negros e longos, caiam em cascata. Eu tinha mais ou menos dezesseis anos e ela quinze. Acho que foi amor à primeira vista, vivíamos em uma cidadezinha, menor que esta. Meus pais um dia, convidaram os pais dela para um almoço de domingo, foi ai que ficamos mais íntimos.
-- Mais íntimos como? Mais amigos? Mais paquera? Mais namorados? Mais aman...
-- Isadora! - chamou a atenção da neta - Eu nunca a deixaria na posição de amante, eu... Eu a respeitava demais. – concluiu com pesar.
-- Desculpa vô, queria só quebrar um pouco desta tristeza dos seus olhos. - pediu envergonhada.
-- Tudo bem. - lembrou o dia que deram o primeiro beijo - Ela era linda, e muito parecida com Melissa - disse olhando a neta - um pouco mais baixa, mas eram parecidas. Naquele dia eu a chamei para caminharmos pela propriedade dos meus pais, havia um riacho próximo à casa principal, e ali aconteceu nosso primeiro beijo. Foi o primeiro beijo da minha vida, e o primeiro na vida dela. - Isadora percebeu uma lágrima rolar pelo rosto do avô, os olhos verdes estavam marejados, mas achou melhor não interrompê-lo. - Conversei com meu pai que queria muito namorar aquela menina, e ele pediu um horário com o pai dela.
-- Como assim vô?
-- Naquela época minha filha, homem de bem que queria compromisso sério fazia tudo por intermédio dos pais. Namoro era no sofá da sala, com a mãe dela fazendo bordado, tricô... Essas coisas de mulher, e nós ficávamos ali, um olhando para o outro. Raras as ocasiões que ficamos sozinhos. – sorriu – E nessas horas, eu conseguia roubar um beijo dela.
-- Vô, por que o senhor não casou com ela?
-- Um dia chegou alguns familiares dela na cidade, e um deles era um primo que havia estudado comigo. Éramos muito amigos, e ele tinha ido estudar Direito, lá na Capital, ficamos um longo período sem contato. – forçou um sorriso - O desgraçado tinha um cheiro para fazer negócio que não era brincadeira, prova disso foi que largou o emprego depois de formado, e comprou umas terrinhas, vizinhas as terras do pai. O negócio foi crescendo de um jeito... – bateu com uma das mãos na janela - O seu único irmão, morreu depois de cair do cavalo e quebrar o pescoço... – Isadora o interrompeu, estava curiosa pela história da tal Cristina.
-- Vô, o senhor não respondeu por que não casou com Cristina.
-- Minha filha ouça e você saberá. - ponderou e só depois prosseguiu - No dia do velório do irmão dele, a cidade toda se reuniu para prestar às condolências a família, e eu, por ser seu amigo, tinha uma obrigação maior de apoiá-lo. Neste dia, minha Cristina apareceu com seus pais, aproximei-me dela e segurei em sua mão, para em seguida cometer o maior erro da minha vida: apresentei José Leotério a minha doce Cristina.
-- Espera ai vovô - disse pulando do sofá e sentando em frente ao velho homem - José Leotério Alcântara Peixoto? - recebeu um sinal afirmativo com a cabeça.
-- Ele se apaixonou por minha amada, mas ela não queria nada. - lembrou por um momento e esmurrou a própria mão - Eu tinha a certeza de que ela me amava e era a mim que queria se entregar, mas o destino foi cruel. Meu avô, pai do meu pai, morava nestas terras, ele faleceu e nós viemos aqui para cuidar de tudo, colocar as terras a venda, levar minha avó para morar conosco, além de outras coisas burocráticas. Passei quase três meses fora, neste período escrevi para Cristina quase todos os dias, enviava uma vez por semana as cartas, não havia correio aqui na cidade, então eu tinha que ir para cidade vizinha. Estranhei muito, a princípio ela me respondia, e depois foi deixando aos poucos até que não chegasse mais nada até mim. - Isadora percebeu mais lágrimas brotando dos tristes olhos verdes do avô - Voltei a nossa cidade, e encontrei Cristina noiva de José Leotério. Casariam em uma semana. Recusei-me a acreditar, pensei que fosse uma brincadeira de péssimo gosto, tentei conversar com Cristina, e recebi a confirmação do pai dela. Ela não saiu nem para me ver - Isadora nunca havia visto o avô chorar - Gritei por ela até minha voz faltar e o pai dela me dar uns “sopapos”. O casamento realmente aconteceu. Senti uma dor tão forte que pareciam ter arrancado um órgão vital de dentro de mim. Pedi ao meu pai que não vendesse mais estas terras e me mudei para cá, onde moro até hoje.
-- Vovô, por que ela fez isso? Tudo bem, ele eu já desconfiava que não era boa pessoa, mas ela... Vô ela dizia lhe amar.
-- Dois anos depois, encontrei com uma amiga de infância dela, que servia até de alcoviteira para nossos encontros às escondidas para namorar. – ignorou o comentário da neta - Ela me explicou que Cristina casou forçada, José havia violado sua pureza e ela estava grávida. Josélia acompanhou tudo de perto, disse que a cada dia Cristina definhava mais e mais. Chorava, não comia e quando o filho nasceu mal tinha forças... – estava chorando com as dolorosas lembranças – Ela o beijou e depois faleceu.
-- Vô, eu não posso acreditar que o avô de Melissa seja esse monstro todo e ela não desconfie de nada.
-- Isa? É assim como ela lhe chama não é? -- recebeu um sinal de sim como resposta - Isa, Melissa é uma pessoa boa, com um coração imenso, e acredito, pelo que escuto falar, que Daniel também é assim. Ele é muito parecido com a mãe, não só na personalidade, mas no físico.
-- O senhor conhece o pai de Melissa?
-- Já o vi um par de vezes, e pensei que aquele poderia ter sido o meu filho com ela - enxugou as lágrimas - Ele em nada parece com o pai.
-- Vô, Mel não sabe quem é o avô dela, acredito que nem o Daniel saiba. Eles não manteriam uma adoração tão forte aquele bode velho se soubesse quem é realmente.
-- Isadora, não conte nada disso a Melissa, deixe que ela descubra sozinha.
-- Vovô, ela pode até cortar relações comigo se descobrir, ou apenas desconfiar que sei algo deste tipo e não lhe revelei.
-- Minha filha tem coisas na vida de cada um, que só cabe a nós mesmos resolvê-las, sem caça a culpados ou inocentes. Um dia a verdade virá à tona, mas que não seja por você, porque assim estará fazendo o mesmo jogo sujo que ele fez anos atrás.
-- Só não quero que a Mel sofra.
-- O sofrimento é inevitável para o aprendizado da alma, ela vai descobrir e sofrer, depois crescer como pessoa, assim é ciclo da evolução de cada um.
-- Oh vô, neste dia eu quero estar ao lado dela para lhe confortar... - Isadora começou a chorar - Ela idolatra aquele avô.
-- Eu sei meu amor, eu sei. - abraçou a neta e permaneceram ali.
Fim do capítulo
Meninas, priorizei o capítulo, agora vou responder os comentários... Desculpem o atraso! Beijos e boa semana.
Comentar este capítulo:
Kynha87
Em: 30/05/2017
Rafa, minha linda autora, saudades dos seus romances. Nem acreditei quando li seu titulo aqui, fiquei tão feliz. Já li e reli mil vezes Uma pequena aposta, mas sempre irei reler, pq simplesmente amo tudo que você escreve.
Gostaria de saber se você pretente publicar o final da Alessandra e da Kika, gostaria muito de saber como fica o final delas, lembro que você tinha parado de publicar no antigo ABC pq iria publicar o livro.
Beijos da sua fã número 1 #assimeuacho
Resposta do autor:
Olá Kynha, tudo bem? Mudou o nick? Sim, irei publicar, mas estou atrasada mesmo, falta tempo, e passei um bom período sem inspiração para pegar nisso, mas vai sair. Obrigada por tudo e até mais. Beijos
lay colombo
Em: 30/05/2017
Pô cara q barra tu idolatrar uma pessoa pra depois descobrir q na vdd ele é um filho da puta, coitada da Mel.
Gente se for contar o tanto de bjos q elas roubam uma da outra enquanto dormem, é muito bjo q elas poderiam tá trocando ao invés de roubar escondido.
Resposta do autor:
KKKKKKKKK Verdade Lay, elas perderam o maior tempo. Vamos oferecer um mega desconto, afinal são duas adolescentes... kkkkkkkk Beijos
[Faça o login para poder comentar]
joanna costta
Em: 29/05/2017
Olha eu de novo.
Cada capítulo uma emoção diferente, essas duas nada de se levarem uma para outra.
Imagino o odio da Melissa quando dsscobrir quem é a cobra que ela chama de avô.
Bjs linda
Resposta do autor:
Bem, como é a primeira vez que você está lendo, nem vou falar o que Melissa irá aprontar, ainda.
Beijos
[Faça o login para poder comentar]
line7
Em: 29/05/2017
Flertes e mais Flertes, só no qualse e o nosso coração " o coração disparar, tropeça e qualse parar..rrsss.. o velho da Mel é um monstro, passado escuro.
Resposta do autor:
Será que esse enriquecimento não tem propina também? Do jeito que virou moda no País...
Beijos
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]