CapÃtulo 2
-- Venha Melissa, vamos até a lanchonete, não quer nos acompanhar? – chamou Carlos, um dos amigos de turma da morena.
-- Não. Irei esperar Isadora. – respondeu aguardando a amiga aparecer.
-- Vamos, o que vai fazer com aquela pirralha? Conversar sobre o Show da Xuxa? – sem que o rapaz percebesse, Isadora surgiu logo atrás e ouviu o comentário, retornando de onde veio com as lágrimas que começavam a cair. Envergonhada com a observação feita por Carlos, ela mesma se perguntava o que Melissa, uma linda garota e mais velha queria realmente com uma menina com corpo e jeito de criança?
-- Talvez, pelo menos lá eu sei que existem pessoas com mais educação do que você – saiu correndo atrás da amiga, deixando o garoto sozinho, sem entender muito bem o motivo que fazia aquela maravilhosa morena, correr atrás de uma pirralha. Melissa a encontrou chorando na quadra do colégio, que naquele horário, permanecia vazia. – Oi – disse se aproximando da menina que estava chorando, sentiu uma dor forte ao vê-la tão fragilizada, não sabia explicar, mas aquela menina estava se tornando uma pessoa essencial na sua vida, alguém imprescindível e de uma importância inexplicavelmente monstruosa.
-- O que faz aqui? Por que não anda com os garotos da sua turma? São da mesma idade que a sua, e eu sou apenas uma pirralha. – falou encolhendo os joelhos dobrados contra seu tórax e baixando a cabeça para a amiga não perceber suas lágrimas.
-- Que diferença isso faz? São apenas dois anos entre nossas idades. E não é nada demais gostar da Xuxa, eu mesma se fosse loira e linda como você tentaria uma vaga para Paquita. Já imaginou eu lá mandando um beijinho para minha baixinha Isadora?
-- Não brinca – empurrou a morena com o corpo – Você é uma palhaça Melissa.
-- Falo sério. Idealiza a cena: eu lá rebol*ndo e cantando – fez um gesto abrindo as mãos como se mostrasse uma tela - “é tão bom... bom... bom. Quem quer pão, pão, pão, pão... Bom estar contigo na televisão...” - fazia a coreografia da música para amiga ver. Tirando-lhe várias gargalhadas.
-- Você é louquinha sabia?
-- Eu? – olhou para um lado e para outro, confidenciando em seguida – sou de outro planeta, vim a Terra para aprender os costumes dos terráqueos, meu real desejo é conquistar o Universo. – fez uma menção ao primeiro encontro e a “colisão” entre as duas, onde Isadora havia feito um comentário sobre ela não estar conectada a Terra. A loirinha começou a sorrir e sentiu os braços da morena lhe envolvendo, um frio percorreu seu corpo, e a mesma eletricidade de antes, foi sentida por ambas – Você é a minha baixinha e não entendo qual a sua dúvida – constatou com um sorriso, envolvendo o corpo menor para perto do seu. – Ninguém pode lhe fazer nada, eu não irei permitir. Ninguém pode lhe chamar de baixinha que é uma exclusividade minha, e nem muito menos de pirralha, porque isso é uma mentira, você é bem mais madura do que estes bobões que estudam comigo. – Isadora sentia sinceridade nas palavras da amiga, mas ela não entendia muito bem o motivo que lhe deixava cada vez mais encantada com aquela linda garota. Permaneceram conversando durante todo o intervalo. A amizade entre as duas só crescia, a cada dia uma dependência mútua se vazia visível.
-- Isa sabe aquele menino do segundo B que estava conversando comigo ontem na saída?
-- Isa? – perguntou surpresa com o novo apelido, deixando de lado sua lata de refrigerante.
-- Sim, não gostou? – perguntou a morena que comia seu cachorro quente com bastante requeijão. – Dorinha é coisa de menininha chatinha – fez uma careta - Isa é forte como você.
-- Sim, amei! – “Adorei! Ninguém nunca me chamou com essa entonação tão carinhosa, cheia de amor.” – pensou a loirinha.
-- Então será Isa. – afirmou com o rosto todo sujo de requeijão e a mistura de molhos, fazendo com que a amiga sorrisse com seu jeito.
-- Deixe-me limpá-la Mel – pediu com carinho, colocando-se de frente para morena, limpando seu rosto com um guardanapo de papel. – Nunca vi ninguém comer cachorro quente usando requeijão no lugar de maioneses. – sorria com a simplicidade e brincadeiras da morena que mostrava uma expressão de surpresa com o seu comentário.
-- Mel? – repetiu de forma pensativa com o rosto virado para a amiga – Soa tão carinhoso... Cúmplice... Familiar... Lindo! – percebeu olhos verdes lhe observando. As safiras encontraram as esmeraldas, e por segundos uma mergulhou dentro do olhar da outra.
-- Ninguém nunca lhe chamou de Mel? – perguntou a mais jovem tentando desviar aquele olhar capaz de lhe sugar a alma.
-- Na verdade, meu nome é Melissa Cristina e na minha casa, todos me chamam de Cristina, mas odeio esse nome.
-- Por que então colocaram Melissa Cristina?
-- Minha avó se chamava Cristina, ela morreu no parto do meu pai, então ele colocou como uma homenagem. – pensou um pouco – Sempre assino Melissa C. – permaneceu pensativa por alguns instantes e concluiu – Requeijão é mais saudável do que maionese, estamos entendidas? – sujou a ponta do nariz da amiga com um pouco da mistura de requeijão e molho.
-- Mel! – repreendeu Isadora, e quando fez menção em limpar seu nariz, Melissa se adiantou depositando um beijo no local e depois lambendo a sujeira. A loirinha ficou imóvel, perdida com aquele gesto da morena.
-- Aquele que se acha galã da novela das oito? – perguntou irritada com o comentário sobre o rapaz feito antes pela amiga e tentando sair da inércia a qual foi jogada.
-- De quem está falando? – estava distraída, perdida nos olhos verdes da loirinha que voltou a limpar seu rosto, em uma tentativa de disfarçar as mãos trêmulas e o frio na barriga. Melissa se entregou ao momento, sem entender por que ficava sempre tão dispersa com o toque de Isadora. – “Que gostoso! Ela é tão carinhosa.” – pensou sentindo o contato daquelas mãos em seu rosto.
-- Do garoto mencionado antes – permanecia irritada e não percebeu a expressão débil da amiga que se entregava ao contato entre as duas.
-- Você é engraçada! – observou afastando um pouco o rosto – Eu nem lembrava mais de quem falava... – pensou tentando lembrar o comentário anterior - Mas ele tem bagagem para se achar isso, afinal é um gato. – concluiu com um tom convencido.
-- Ora Mel, nem sempre a embalagem faz o produto ser uma coisa boa.
-- Vejam só a minha pequena virando marqueteira – observou em um tom jocoso.
-- O que tem o galã? – perguntou novamente após piscar um dos olhos de forma convencida para a morena.
-- Ele me chamou para sair no sábado.
-- Vo... Você vai? – lembrou-se que neste sábado estaria com o pai na fazenda dos Alcântara Peixoto e lamentou amargamente, talvez se fosse para o sítio do avô poderia ter a oportunidade de convidar Melissa e ficariam juntas durante todo o carnaval.
-- Não. Haverá uma festa na fazenda do meu avô, essas coisas chatas que incluem negócios.
-- Chato não é? – Isadora não entendia suas reações, mas seu peito explodiu em felicidades quando soube que Melissa não aceitaria o convite do menino esnobe do segundo ano.
-- Bem, amanhã será sexta de carnaval, infelizmente não poderei vir à escola – disse a morena - Meu avô nos pediu para prepararmos os últimos detalhes da detestável festa, então irei com minha mãe e minha tia até a Capital. – concluiu de forma vencida e triste com o final do toque da loirinha que havia terminado de limpar seu rosto.
-- Poxa... Então só nos veremos na quinta feira? – tentou disfarçar sua tristeza.
-- Pensei que você pudesse ir à festa no sábado, aliás, talvez se você conversasse com seus pais... – pretendia convidar à loirinha, mas estava envergonhada e com medo de uma recusa - quando retornar de São Paulo, eu... Eu poderia passar... Eu a pegaria em sua casa e poderia levá-la conosco para fazenda. – não entendia o súbito nervosismo.
“Passar todo o carnaval na companhia dela? Isadora pense em uma saída com seu pai...”.
-- Infelizmente meu pai também tem uma destas festas chatas... Ele me incluiu no entediante pacote por algum motivo, sei lá – lamentou a loirinha. – Acho que só nos veremos mesmo depois do carnaval.
-- Exatamente, daqui a uma semana – tentou disfarçar a tristeza que apertava seu peito - Promete que sobreviverá sem minha companhia até lá? – perguntou realizando gestos de prece para a amiga. – Ficará longe de encrencas, naves espaciais e palcos da Xuxa?
-- Sua boba! Melissa Cristina, você é uma bobona. – sorria com as expressões da amiga - Sobreviverei, mas não sei dizer o mesmo de você. Promete não se enfi*r em um pote gigante de requeijão?
-- Farei um esforço de outro planeta se prometer não me chamar mais desta forma horrorosa.
-- Qual forma? Melissa Cristina?
-- Oh Isadora, eu lhe mato se continuar...
-- Continuar a chama-la de Melissa Cristina? – provocava mais o jeito irritado da amiga – Ele é tão lindo... Melissa Cristina... – pronunciava como se estivesse brincando – Tudo bem, evitarei chama-la de Melissa Cristina, mas é que Melissa Cristina é tão lindinho... Um charme e...
-- Oh Isadora! Irei matá-la de cócegas se prosseguir com este discurso. – fingia uma irritação inexistente, ela sabia que Isadora era única que poderia lhe chamar assim e sair ilesa, sem nenhum machucado. As duas se olharam e começaram a sorrir.
-- Tenho uma amiga violenta, chamada Melissa Cristina e que suborna o atendente da cantina para trocar maionese por requeijão – interrompeu em um tom jocoso observando as lindas safiras.
-- Requeijão é mais saudável do que maionese e eu odeio este nome. – concluiu um pouco irritada.
O sábado chegou e com ele à festa de carnaval na casa dos Alcântara Peixoto. Timóteo estava um pouco nervoso com sua presença no baile, além do mais ele iria ficar hospedado na mansão, a convite do próprio José de Alcântara Peixoto, tendo assim, chances de fazer bons negócios com a família e outros empresários. O homem pouco se importou com a roupa escolhida pela filha, uma fantasia de Zorro, já que o baile obrigava a todos usarem máscaras. O maior interesse dele era em fazer bons negócios e sua filha seria apenas uma das formas utilizadas para atingir seu objetivo.
Assim que chegaram ao local da festa, Timóteo se separou de Isadora, dispensando-a, orientando que se enturmasse com as garotas da sua idade, ou arrumasse um namoradinho, pois, todos ali pertenciam à alta sociedade. Depois, ele mesmo se dirigiu a uma roda formada pelos empresários da região.
Enquanto seu pai se divertia, Isadora se sentia completamente deslocada. Ela havia resolvido andar pela propriedade, conhecer melhor o local e arrumar algum entretenimento para a cabeça, algo que lhe fizesse esquecer Melissa e seu final de semana naquela fazenda. Ela parou em frente a uma fonte, e ficou observando uma estátua próxima a nascente, onde a água fazia seu percurso e depois caia. Estava tão dispersa que não viu alguém se aproximando por trás.
-- Nunca entendi por que fizeram a estátua da deusa Atena na fonte, já que o deus da água e dos mares é Poseidon, seu tio. – falou de forma explicativa uma menina vestida com uma longa túnica romana e máscara, com seu longo cabelo preto, preso em uma trança e jogado para o lado, em um dos ombros nus.
“Esta voz... Parece... Será a Mel?” – pensou a loirinha. – “Sinto tanto a falta dela que fico imaginando ouvi-la”. – virou-se e percebeu a figura alta a sua frente, com o rosto quase todo descoberto, a mascara contornava os olhos azuis e deixavam aparecer às lindas sobrancelhas arqueadas.
-- Mel? – perguntou assustada ao se virar e observar o perfil da amiga por trás da máscara.
-- Isa? O que faz aqui? – perguntou surpresa, puxando-a depois para um abraço.
-- Vim acompanhando meu pai. Passarei o carnaval aqui. – sentiu a boca secar ao observar melhor o traje da amiga que mostrava todo o seu corpo, deixando pouco para imaginação – E você?
-- Eu moro aqui. – também observou a roupa da loirinha – Acho que não conseguiria lhe reconhecer fácil por baixo desta fantasia se não ouvisse sua voz. Você está tão... vestida. – concluiu avaliando melhor a roupa do cavaleiro negro.
-- Não queria mesmo ser reconhecida – desabafou com tristeza – Gostaria de ficar com meu avô, tenho saudades dele.
-- Poxa, minha companhia é tão ruim assim? – lamentou a morena fazendo um biquinho.
-- Não. – corrigiu-se – Mas até pouco tempo eu não imaginava você aqui.
-- Por que não está lá, dançando? – apontou o salão com a cabeça - Existem vários meninos da nossa idade, quem sabe não poderíamos nos sair bem nesta festa chata? Precisa se divertir linda. – acariciava o rosto da amiga.
Isadora não entendia, mas não queria compartilhar a companhia da amiga com mais ninguém.
-- Não gosto muito de festas assim.
-- E qual o tipo que gosta? – perguntou puxando a mão da amiga para si e caminhando em direção à fonte.
-- Bem diferente, com outro tipo de gente e música.
-- Pois bem, venha, vamos curtir uma festa a parte. – sentaram-se em uma bancada ao redor da fonte.
-- Não estou atrapalhando?
-- Que nada, ainda é cedo, depois vamos dar uma volta e quem sabe encontramos mais pessoas interessantes da nossa idade?
-- Tu... Tudo bem – respondeu entristecida com o comentário.
Permaneceram ali por um longo tempo, conversando e brincando. Quase duas horas depois, a banda anunciou tocar uma música em homenagem à comemoração das bodas de casamento de um casal.
-- Este tipo de música não é um pouco fora do clima de carnaval? – começava a ouvir os primeiros sons dos instrumentos.
-- Veja, anunciaram que algum casal faz bodas de casamento, nada mais justo para que os dois dancem – respondeu em um tom divertido a morena. – o amor sempre prevalece acima de tudo, nada mais justo sair do ritmo do carnaval e celebra-lo ao som do que eles gostam.
-- Seu lado romântico precisa aflorar mais vezes, você fica mais leve falando desta forma. – observou sorrindo e se divertindo com a leveza com que a amiga havia falado.
-- Não sou assim com todos... – pensou e concluiu - Poucos conseguem ver este meu lado, e não são todos com quem quero compartilha-lo – respondeu com um sorriso malicioso.
-- Prefiro músicas assim – anunciou a loirinha ao ouvir Moonlight Serenade, na tentativa de disfarçar o rubor em seu rosto após aquele comentário.
-- Estranho uma garota de treze anos gostar deste tipo de música. – constatou sorrindo.
-- Meu avô tem uma coleção do Glenn Miller, passamos horas ouvindo juntos, ele até me ensinou a dançar.
-- Então a senhorita me dar o prazer desta dança? – ofereceu-lhe a mão. Isadora deu graças por ainda permanecer com sua máscara, sentiu seu rosto explodir em rubor.
-- Claro, mas a senhorita aqui é outra, sou o cavaleiro negro e solitário.
-- Cavaleiro? – avaliou a roupa da loira – Pode até ser, mas solitário? Não está mais, acaba de encontrar sua romana.
-- Então senhorita romana, será que terei a honra desta dança? – permanecia com a mão estendida e o corpo reverenciando a morena, com um largo sorriso, consequência do comentário anterior.
As duas mãos se tocaram, e apesar de ser mais baixa, Isadora trouxe o corpo da morena contra o seu, conduzindo a dança, enquanto ela apoiava seu braço no ombro menor. Os corpos se posicionaram em uma sintonia perfeita. Isadora relaxou com aquele contato, sentindo as batidas disritmadas do coração moreno, um sorriso malicioso se formou na face mais clara. Melissa não sabia explicar, mas aquele corpo menor, de alguma forma, deixava-lhe pertubada. Sentiu seu coração acelerar e certa vulnerabilidade tomou seus pensamentos, que logo foram esquecidos, após sentir o aroma exalado pelo corpo da jovem loirinha.
Isadora segurava a respiração, ou poderia explodir de felicidade e dor no estômago. Melissa se deixava levar pelo som da música e o contato com aquele corpo menor, além do cheiro cítrico que ele exalava. Quando a música acabou, logo a banda emendou In The Mood, aumentando o ritmo com que a loirinha conduzia a dança. Melissa respirava o cheiro de Isadora, e esta sentia a respiração ofegante e o coração acelarado da morena, e quando a música finalmente acabou, foi difícil a separação. Ambas desejavam outra comemoração, no entanto, esta não veio, para tristeza das duas.
-- Realmente seu avô fez um excelente trabalho – aplaudia a morena – Você não dança, flutua, cheguei às nuvens.
-- Oh Mel! – suspirou uma ruborizada Isadora.
As duas ainda conversaram por um longo tempo. Brincaram de adivinhar os rostos por trás das máscaras dos convidados, jogaram água uma na outra e, aproveitando-se de um momento de distração da loirinha, Melissa retirou sua máscara com bandana preta e chapéu, deixando o seu rosto exposto.
-- Vamos justiceiro negro, descobri sua identidade secreta, agora me fale dos seus segredos – pediu falando a poucos centímetros da boca de Isadora, deixando-a completamente paralisada.
-- Na... na...não tenho segredos – respondeu com dificuldade, tremendo com aquela aproximação.
-- Todos nós temos segredos, você deve ter um. – delineava as sobrancelhas loiras com seu dedo indicador.
-- Ca... ca... Qual seu segredo então?
-- Tão bonitinha nervosa... – passeou com o dorso na mão pelo rosto loiro - Hum... Se eu falar o meu, você conta o seu? – propôs à morena.
“Conto sim... Confesso que você me perturba e me deixa sem ar” – pensou Isadora.
-- Combinado – sorriu para a morena esperando a revelação. – “Será que ela vai dizer que sente o mesmo que eu?”.
-- Lembra-se do Tiago? Aquele garoto do segundo ano?
-- Sei o galã de novela. – respondeu desanimada, esperava outro tipo de revelação, mas não sabia explicar por que pensou nisso.
-- Pois bem – olhou de um lado a outro – Nós estamos namorando.
-- O QUE? – Isadora não sabia explicar a dor que sentiu, parecia que havia lhe dado um soco no estômago.
-- Isso mesmo. – não tinha percebido a expressão de desânimo da loirinha. - Na quinta ele me procurou, após eu ter dito que não poderia sair este final de semana, então ele me puxou quando estávamos nos despedindo e, beijou minha boca, depois me pediu em namoro. – falava como se aquilo fosse uma grande façanha.
-- Você aceitou?
-- Sim. Não é legal? – estava agitada de felicidade.
-- Certamente – respondeu com um imenso pesar, buscando forças para falar e desviar dos olhos de safiras.
-- O que você tem? Aconteceu alguma coisa? – percebeu uma sombra de tristeza no rosto da loirinha – Está sentindo alguma coisa?
-- Uma dor de cabeça e enjoo – respondeu Isadora sentindo-se tonta.
-- Venha, vamos lá dentro, peço alguma coisa para minha mãe.
-- Não! – gritou - Não se preocupe, ficarei bem. – tentou manter a calma.
-- Certeza? – percebeu que a amiga estava diferente.
-- Sim.
-- Então vou pegar algo para beber, aceita um suco, água ou refrigerante?
-- Uma Coca-Cola se for fácil.
Melissa saiu, e, Isadora pegou sua máscara bandana, molhando-a na fonte para logo em seguida passar pelo rosto, testa e pescoço. Ela não entendia o motivo daquela notícia ter lhe deixado tão mal. Quando a morena retornou, e entregou o copo a amiga, percebeu que a mesma tremia um pouco, colocou-lhe a mão na testa e sentiu seu corpo arder.
-- Isa, eu realmente, não acho que você esteja bem... Você tem febre. Precisamos achar seu pai. – constatou olhando firme para os olhos verdes.
-- Não, por favor, deixe ele se divertir, ficarei bem. – pediu em tom de apreensão, tinha medo que o pai lhe rejeitasse na frente da amiga ou dissesse “que aquilo não passava de chilique de menina mimada”, era assim que ele agia todas as vezes que Isadora adoecia.
-- Então vamos para meu quarto, lá pelo menos poderei cuidar de você. – a loira consentiu com a cabeça, aquela preocupação lhe fazia bem.
As duas partiram para o quarto que ficava no segundo andar da imensa casa. Melissa preocupava-se com a temperatura do corpo menor. Não entendia como podia tratar aquele mal que atingiu a amiga, mas sabia um pouco o que fazer em relação à febre, pois ela havia ajudado sua mãe a cuidar da tia, anos antes.
-- Isa, pelo menos minha mãe preciso achar, você necessita de ajuda. – disse passando a mão pela testa da loira.
-- Por favor, Mel, logo passará – pediu, tremendo mais.
-- Venha – colocou-a apoiada em seus braços – Vou leva-la até o chuveiro.
-- Banho? Não quero tomar banho – “pelo menos não com você!” - pensou a mais jovem.
-- Assisti em um documentário que explicava como agir em caso de febre alta, precisamos molhar o corpo, para a temperatura dissipar, além disso, ajudei minha mãe com a minha tia dois anos atrás, ela sofria de câncer.
-- Não sabemos se estou com febre alta – argumentou Isadora.
-- Mas, de qualquer forma, abaixará a temperatura – informou já retirando a roupa da loirinha.
-- Deixe, faço isso sozinha – ela não queria que Melissa a visse nua e percebesse o quanto era magrela.
-- Mal consegue ficar em pé sozinha, quem dirá tomar banho. – retirou a roupa da loira, depois ajustou a temperatura da água, em seguida retirou sua própria roupa, ficando apenas com uma calcinha branca de renda. Levantou a loirinha que permanecia sentada, petrificada com a cena que acabava de assistir. Seu coração acelerava e parecia galopar, seu corpo tremia cada vez mais, ela não entendia o que se passava, mas em uma coisa estava certa: aquela morena já lhe era muito cara, e, seu corpo reagia a sua presença. – Vem minha linda, segure-se em mim – pediu já se abraçando de frente a Isadora, que ao sentir o contato do seu corpo nu, ao da morena que estava quase despida, um enorme desejo lhe veio à cabeça, e seus pensamentos eram, apenas, beijar aquele corpo inteiro.
“Minha linda! Ela me chamou de minha linda?” – gritava para si mesma a jovem, que cada vez mais se grudava ao corpo de Melissa – “Meu Deus, que desejo é esse? Mel, por que sinto isso por você?”.
Fim do capítulo
Garotas, tudo bem?
Como falei antes, não tinha pensado em publicar novamente esta história, escrevi em 2012 e todas já haviam lido, mas, vêm vocês e pimba! Várias mensagens e e-mails pedindo pelo fim de Coincidências e a publicação desta (Uma Pequena Aposta). Uma palavra: FELIZ. E para quem me conhece bem, ri um monte.
Adorei os comentários, e algumas até saindo da moita. Pensei que não teria mais IBOPE, seria só uma publicação.... hahahaha... Vocês acabam comigo.
Mais um capítulo, e no que depender de mim (e meu tempo ajudar), todos os dias novos capítulos. Beijos a todas e boa semana.
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Kelly almeida
Em: 24/05/2017
Nâo vou mentir e preciso de muita força de vontade para não soltar spoiles, agente começa a ler e vai relembrando partes que achava que tinha esquecido, que venha a faculdade as aventuras de uma isadora poderosa que se mete em cada uma e quem vai tirar elas das furadas potinho de Mel, abraço.
Resposta do autor:
Não solta! Deixa as meninas lerem kkkkkk.... Acontece isso comigo quando releio alguma que gostei, realmente vale a pena! O potinho de mel azedo...kkkkk
Obrigada Kelly, beijos e ate a próxima
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Izys
Em: 23/05/2017
Em respeito as demais autoras,não irei , melhor tentarei não soltar muitos spoilers, mas não vejo a hora de vê as duas na faculdade, é a melhor fase.Bom, Isa daqui a pouco mostra a que veio. rsrs, bjs
Resposta do autor:
Oi Izys, estou rindo aqui... Antes de ler teu comentário já mencionei em spoiler nas notas finais do capítulo de hoje....kkkkkkkk Isa tem um domínio danado sobre a morena, só lendo para crer.
Beijos
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lia-andrade
Em: 23/05/2017
É uma honra poder ler mais uma vez essa estória. Fiquei super feliz quando vi postada. Se vc postasse 1.000 vezes, todas eu iria ler. Amo Mel e Isa..
Bjos, até o próximo.
Resposta do autor:
Oi Lia, tudo bem? Menina, fico tão feliz com vocês e esse carinho por mim. Obrigada, mil vezes obrigada. Até o próximo capítulo. Beijos
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lay colombo
Em: 23/05/2017
Odeio todos os namoros da Mel, só ela não vê (por u tempo) q ela é da Isa e vice versa. E é claro q a gente deu um surto pq vc voltou a postar, a história é incrível, acho q nunca vou cansar de reler ela
Resposta do autor:
Oi Lay, concordo com você, mas até elas tomarem coragem e se assumirem... Coloca tempo nisso, ainda mais depois da aposta....kkkkk
Obrigada querida, fico muito feliz com esta surtada de vocês. Beijos e até o próximo capítulo
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Mille
Em: 23/05/2017
Essas duas são lindas juntas, Isa terá que ser forte para resistir a morena no banheiro com ela.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi Mille, então, eu realmente não sei quem resiste a que, porque Mel é linda, mas Isa... Não precisa de aprensatações, não é mesmo? kkkkkk
Beijos e até o próximo capítulo
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Rose A
Em: 22/05/2017
Rafa, que maravilha? poder ler novamente UMA PEQUENA APOSTA.
Este Romance é sem dúvidas alguma, maravilhoso. Obrigada por ter voltado a postar. Para alegrar nossas vidas.
Abraços apertados. E não vou reclamar de ler um capítulo desse romance lindo, todos a dias.(Risos!).
Att, Roseana.
Resposta do autor:
Obrigada Roseana! E pode reler sim, e comentar também, por favor. hehehehehe... Até mais.
Beijos
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