CapÃtulo 27 – Conselhos da advogada
- Então isso deve encerrar esse assunto – falou Fernanda se recostando à sua cadeira e esfregando os olhos – Não acredito que aquele ridículo teve a cara de pau de me processar por quebra de contrato.
- Bom, esse é o defeito dos homens: seus egos feridos os tornam estúpidos – sorriu Alexya enquanto recolhia seus papéis de volta à pasta preta – Ao menos não terá mais que se preocupar com isso na sua vida particular, apenas na profissional – completou ela oferecendo um sorriso divertido par a Fernanda.
- Pietro? – perguntou a editora se recostando à sua cadeira e rindo baixo.
- Quem mais? – devolveu a advogada segurando o riso.
- Às vezes queria que aquela bicha fofoqueira tivesse mais no que se concentrar do que a minha vida – murmurou Fernanda rolando os olhos, mas logo depois sorrindo.
- Ele não faz por mal – falou Alexya dando de ombros – Mas tenho que admitir que não esperava que você fosse mudar de time depois de tanto tempo. Vai ficar difícil argumentar que homossexu*l*idade não é contagioso.
- Aah, você com isso também não – reclamou Fernanda movendo a cabeça de um lado a outro em negação.
- O que posso fazer? – riu a outra – Talvez você não devesse ter andado tanto com Pietro na sua vida – completou ela rindo.
- Você está pior do que me lembrava – comentou a editora com um pequeno sorriso.
- Eu diria que estou muito melhor – falou a de olhos verdes abrindo um sorriso ainda maior.
- Ridícula – falou Fernanda rolando os olhos.
- Abusada – devolveu Alexya.
- Foda-se – disse Fernanda erguendo as mãos pra cima em rendição à brincadeira de insultos.
- Eu até queria, mas não encontrei a pessoa pra me acompanhar – comentou a de olhos verdes com um sorriso discreto e um pequeno suspiro.
A editora-chefe iria soltar um comentário questionador a respeito do tom levemente frustrado que a amiga havia usado quando três leves batidas na porta a impediu. Logo depois de autorizar a entrada as duas mulheres viram a figura de Ana Júlia adentrar a sala com uma bandeja com duas xícaras de café.
- Mas acabei de encontrar – sussurrou Alexya sem perceber num tom muito baixo enquanto admirava a figura da assistente entrando e fechando a porta com cuidado para não virar as xícaras; a advogada não percebeu também que, do outro lado da mesa, Fernanda havia conseguido escutar a frase dita e o suspiro baixo solto logo depois dela.
- Bom dia, achei que vocês gostariam de um café – disse Ana Júlia com um sorriso enquanto se aproximava da mesa, seus olhos concentrados no caminho e na bandeja a impediram de notar o olhar da advogada sobre sua pessoa, mas Fernanda notou e sorriu discretamente com isso.
- Bom dia – disse Alexya com um sorriso quando teve sua xícara de café depositada à sua frente – Mas teria sido um dia melhor se a senhorita não tivesse causado a minha grande decepção matinal – disse ela em tom de brincadeira fazendo Fernanda rir e Ana Júlia arregalar os olhos surpresa e confusa.
- Desculpe-me – disse a Ana Júlia com um olhar envergonhado – Mas não estou ciente de ter feito nada para causar qualquer decepção à quem quer que seja – falou ela provocando risos em sua chefe e na advogada.
- Pois causou Srta. Guimarães – disse Alexya ainda em tom de brincadeira fazendo a outra sorrir mesmo sem entender – Cheguei na esperança de encontrar uma sorridente e simpática assistente, mas fui jogada diretamente contra a irritante e chata chefe. Portanto ai está a minha decepção.
- Hey! – reclamou Fernanda segurando o riso assim como Ana Júlia – Não sou irritante.
- Mas continua sendo chata – alfinetou Alexya com um sorriso que fez Fernanda rolar os olhos.
- Sinto muito não recepciona-la – falou Ana Júlia, discretamente evitando os insultos direcionados à sua chefe, e sorrindo para a advogada que retribuiu com uma amplo sorriso.
- Ao menos ainda pude apreciar alguns instantes da sua presença – disse Alexya com um sorriso mais terno e um olhar direto aos olhos de Ana Júlia que paralisou por alguns instantes com a intensidade dos olhos verdes – Assim não saio daqui apenas com as carrancas e o péssimo humor de Fernanda – completou a advogada piscando para a assistente e quebrando a troca de olhares.
- Ana Júlia, você pode me trazer os layouts da edição física que vamos mandar hoje pra gráfica? Eu quero aprovar isso antes de sair para almoçar – disse Fernanda fazendo sua assistente desviar os olhos da advogada para ela e assentir rapidamente antes de se retirar com a bandeja deixando as xícaras e as mulheres para trás sem outra palavra – Pode me explicar o que foi isso? – perguntou Fernanda para a amiga que encarava a porta que havia acabado de ser fechada; Alexya apenas sorriu.
- Nada demais – disse ela voltando a encarar a morena – Porque não me conta mais sobre a tal fotógrafa que lhe trouxe para o nosso lado?
- Porque no momento estou mais interessada em entender as suas indiretas, muito diretas se me permite opinar, para a minha assistente – retrucou Fernanda rindo e fazendo Alexya apenas dar de ombros.
- Ela é bonita e tem um jeito interessante; além de um sorriso intrigante – falou a advogada bebendo um gole do café – Mas você não vai fugir da minha pergunta. Pietro me disse que ela te conquistou completamente, quero entender como foi possível.
- Se eu soubesse juro que lhe contava – murmurou Fernanda deixando de lado suas brincadeiras, por enquanto, e suspirando rendida em continuar o outro assunto; ela sentia que precisava conversar sobre aquilo com alguém e, imaginava, que Pietro havia dito isso à Alexya porque a velha amiga poderia ser a melhor pessoa com quem discutir o assunto – Simplesmente aconteceu e eu não sei bem o que fazer a respeito.
- Você gosta mesmo dela? – questionou a advogada com um olhar calmo e sem nenhum toque de brincadeira em seu tom de voz.
- Eu não sei dizer o que acontece comigo quando o assunto é Jasmine Meirelles – admitiu Fernanda com um suspiro – Me sinto fora de mim e ao mesmo tempo nunca fui tão eu mesma como quando estou com ela.
- Você gosta dela – dessa vez Alexya afirmou e a amiga apenas sorriu sem que fosse preciso uma confirmação audível entre elas.
- Eu estou perdida Lexy – sussurrou Fernanda se levantando e a advogada sorriu por ouvi-la usar um apelido que havia sido muito comum, mas há muitos anos atrás; o que só comprovava o quando a editora estava mexida com tudo aquilo – Eu não sei o que fazer. Às vezes acredito que estou indo rápido demais, me entregando e me abrindo rápido demais. Só que quando estou com ela é tão fácil fazer isso.
- Logo que me formei eu consegui uma vaga na empresa onde estagiei – falou Alexya olhando para sua xícara de café e fazendo Fernanda encará-la confusa com o rumo da conversa – I really liked her – murmurou a advogada um tanto pensativa antes de beber o resto de seu café e olhar a amiga – Em uma semana estávamos saindo, em duas começamos a morar juntas. Eu achei que fosse rápido demais, mas gostava dela. Não definimos nada porque eu pensei que era muito cedo ainda, apenas decidimos ver no que iria dar. Eu comecei a me dar bem na empresa, processos cada vez mais difíceis um atrás do outro. Eu fiquei distante dela, mas sempre achei que ela compreendia minha necessidade de trabalhar. Um dia ela me deu um presente, um porta retratos com uma foto nossa. Tivemos uma noite perfeita na cama se me permite dizer – ela disse com um toque de divertimento – Mas no dia seguinte, nas semanas seguintes, eu mergulhei novamente no trabalho. Duas semanas depois ela disse que estava voltando pro seu antigo apartamento, que nós não estávamos mais funcionando juntas. Eu perguntei o por quê. Por que tão de repente? Ela me olhou e perguntou se eu sabia o porque dela ter me dado aquele porta retratos, eu disse que não sabia, ela me contou que era a foto que tiramos no dia em que ela se mudou e que a duas semanas atrás havia feito 4 meses que estávamos morando juntas. Ela me disse que na parte de trás do porta retratos tinha um bilhete, que eu teria notado se tivesse me dado ao trabalho de tentar coloca-lo em pé, mas eu o tinha deixado deitado sobre a escrivaninha do nosso quarto nas ultimas duas semanas.
- Porque está me contanto isso? – perguntou Fernanda frustrada com o rumo da conversa.
- Deixe de ser apressada e escute o final do meu drama amoroso pós-faculdade – riu Alexya se levantando também e parando ao lado da amiga enquanto as duas olhavam pela janela – Um dia eu tinha dito a ela para não se atrever a fazer o pedido de namoro porque eu o faria com uma grande surpresa de um jeito planejadamente romântico. Falei isso meio bêbada quando voltávamos de uma pequena reunião em um bar com um casal de amigos dela que haviam acabado de ficar noivos. Quando completamos quatro meses morando juntas ela se cansou de esperar. Ela me pedia em namoro no bilhete que eu nunca cheguei a encontrar porque ela levou o porta retratos – concluiu Alexya com um sorriso um pouco triste – O ponto ao qual quero chegar é: eu e você somos muito parecidas, sempre fomos. Quando terminou o que não tínhamos Samantha me disse que eu não a amava realmente, que eu não queria um relacionamento com ela. Ela estava certa, porque eu não fui atrás quando ela foi embora. Nanda, você e eu somos o tipo de pessoa que não sabemos desistir do que queremos. E quando queremos algo nada fica no nosso caminho; nós vamos até lá e pegamos o que queremos, fazemos o que queremos fazer, dizemos o que queremos dizer. Você e eu não sabemos medir palavras, mas entendo que esteja confusa. Eu sei que quando encontrar a pessoa certa eu não vou medir esforços, mas eu já sei há muito tempo que essa pessoa será uma mulher. Você ainda não se acostumou com essa ideia. Não faça a coisa errada com a pessoa certa. Se a quer de verdade, se sente que é o certo, seja você mesma e faça o que tem que fazer. Não se preocupe com ser a hora ou o momento certo; nós quem fazemos ser certo ou não.
- Se falar como advogada vá se tornar psicóloga Alexya, você leva jeito – brincou Fernanda e as duas gargalharam logo depois, mas a editora tinha um olhar calmo e as duas sabiam que ela havia apreciado a conversa e os conselhos e era grata pelos dois.
- Bom, eu vou encontrar um bom lugar para almoçar – declarou a de olhos verdes voltando para perto da mesa e pegando sua pasta de couro preta e o blazer azul escuro do mesmo tom de sua calça – Sua linda assistente deve ter um bom lugar pra me sugerir – ela sorriu e piscou para Fernanda antes de se dirigir à porta com a pasta na mão e o blazer jogado sobre o braço.
- Não quebre o coração da minha assistente Lexy – ameaçou Fernanda – Preciso dela atenta ao trabalho e não triste pelos cantos!
- Não se preocupe – riu a advogada, mas logo depois deu um sorriso gentil – Essa nunca foi minha intenção.
Com mais uma troca de olhares as duas se despediram e Fernanda se sentou em frente a sua mesa decidida a fazer algo que nunca se imaginou disposta a fazer em toda sua vida. Mas, como havia dito Alexya, ela ia atrás das coisas que queria e nada ficava em seu caminho, nem ela mesma.
Fim do capítulo
Eu Voltei!! =D
Espero que gostem desse cap de retorno hehe.
Pretendo atualizar um por semana e já estou me preparando para isso (tanto que ja tenho os próximos e em progresso adiantado)
Até semana que vem pessoas
;]
Comentar este capítulo:
Silvanna
Em: 03/02/2019
Olá autora!
Ir rápido demais em uma relação, saber o momento certo, dizer "EU TE AMO!"prematuramente, enfim, ela tem razão, nós é que fazemos dar certo.
Abraço
Resposta do autor:
Olá =]
Tempo é algo tão relativo, por isso Alexya tem toda a razão nesse assunto. Quem faz dar certo somos nós
Abraços
;]
rhina
Em: 19/10/2016
Olá.
Um lindo capítulo.
Parece que nem sempre temos que pensar muito pois o tempo passa e no fim o que fizemos...
Agora esperar pelo que a Fernanda vai fazer.
Quero muito mais A Ana e a Lexy.
Beijos,
Rhina
Resposta do autor:
Oi =]
Temos que pensar sim, não podemos apenas pensar, agir às vezes é mais importante
Aaaah Nanda vai fazer muuuuita coisa kkkkk (ansiosa estou eu para ver a reação de vocês kkkk)
Bjs
;]
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line7
Em: 18/10/2016
Rss..quando se pensar muito e não decidimos o que tanto planejamos , o tempo passar e a vontade ficar e quando vai perceber vc perdeu a oportunidade única! Divulgando aqui..kkk..abração linda:)
Resposta do autor:
Kkkkk Pensar faz bem, penssar demais faz a gente não fazer nada kkkkk realmente
Abraços
;]
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