CapÃtulo 4
Terminei as aulas 18hs, saí e encontrei Silvinha e Pâm no estacionamento me esperando, deixamos Silvinha no shopping para encontrar uns amigos da época da faculdade e fomos para casa.
Pâm desceu do carro com algumas sacolas e subimos, eu estava louca por um banho, o calor estava castigando muito naquele dia, tomei um banho frio, bem demorado na esperança que a Pâm fosse me fazer companhia, mas ela não apareceu. Coloquei um conjuntinho de short e camisetinha bem fresquinho e fui para sala, ao passar pela porta do banheiro social, ouvi o chuveiro ligado, não entendi porque ela foi tomar banho no social.
Peguei o notebook e abri meus e-mails, li alguns, respondi outros e peguei meu celular para baixar as fotos, achei a foto da Pâm dormindo que eu havia tirado, ela estava linda na foto, fiquei admirando e me perdi nos traços do corpo dela.
-- Quando você tirou essa foto? – perguntou bem próxima do meu ouvido.
Senti o cheiro da sua pele recém-lavada, era um cheiro adocicado, leve muito gostoso.
-- Na sua casa, antes de ir arrasada para o hotel sozinha. – disse fazendo bico.
-- Ficou linda não acha? –
-- Ficou sim.
-- Posso saber por que a senhorita foi tomar banho sozinha? – me virei para olhar para ela.
-- Eu queria te fazer uma surpresa.
-- Adoro surpresa! O que é?
-- Coloca uma música bem gostosa, relaxa que eu já venho. – Saiu e me deixou ali com minha curiosidade.
Abri minha pasta de músicas e comecei a procurar uma, mas não sabia que ritmo ela queria, então escolhi Enya, ela criava toda uma atmosfera, conectei as caixas de som e me sentei no sofá esperando ela voltar.
Ela sussurrou no meu ouvido, me arrepiando inteira.
-- Você tem que me prometer que vai ficar parada, não vai me tocar, nem me agarrar tudo bem assim? – disse segurando minha cabeça para que eu não me virasse para ela.
-- Prometo. – Foi só o que consegui dizer.
Ela foi até a cozinha e na volta apagou a luz da sala, acendeu somente um abajur, colocou uma latinha de chantilly na mesa com uma travessa cheia de morangos.
Eu não acreditava no que meus olhos estavam vendo, ela vestia apenas um robe de seda preto, minúsculo, extremamente sensual. Virou de frente para mim e começou a dançar, foi abrindo o robe bem devagar e deixou ele cair a seus pés, ela vestia uma lingerie de renda vermelha, o soutien era meia taça e abrigava seus seios de uma forma muito convidativa a minha boca, a calcinha era presa por um lacinho de cada lado, simplesmente linda.
Ela chegou perto de mim no sofá puxou a mesinha para perto, sentou em meu colo e pegou um morango, encheu ele de chantilly e levou até sua boca, ela passou a língua pelo morango todo, tirando todo o chantilly e olhando para mim, meu Pai, o que era aquilo que aquela mulher estava fazendo com aquele morango?
Levantei minha mão em direção a cintura dela, mas ela não me deixou tocá-la. Comeu aquele morango todinho de uma forma muito sensual, meu corpo gritava embaixo dela, eu sentia meu sex* pulsando só com a visão daquela mulher com o morango.
Ela pegou outro morango, colocou chantilly e levou a minha boca sujando ela e limpando com a língua, aquilo tava me enlouquecendo e ela sabia, começou a rebol*r no meu colo bem devagar, levei as mãos a minha cabeça e respirei fundo, estava difícil me controlar.
-- Algum problema DJ? – Ela sussurrou em meu ouvido passando a língua sobre minha orelha.
-- Você tá me deixando louca assim. – sussurrei de volta.
Ela tirou minha blusa, me deitou no sofá, tirou meu shorts com a calcinha bem devagar e colocou chantilly nos meus seios, na minha barriga e começou a tirar com a língua, perdi toda a minha razão nesse momento soltei um gemid*, que tortura deliciosa, meu corpo começou a dar sinais que o orgasm* estava chegando, ela parou, subiu até meu pescoço e sussurrou.
-- Não goz* ainda, ainda falta provar uma coisinha com o chantilly.
Desceu até meu sex* e colocou chantilly, começava minha tortura de novo, sentir aquela língua dentro de mim, num movimento alucinante, não consegui mais segurar meu corpo e g*zei.
-- Nossa! – foi só o que consegui dizer
Pâm deitou sobre mim e me beijou, o beijo que eu esperei desde que a vi naquele robe de seda, minhas mãos passearam pelo seu corpo sem pressa, senti cada pedacinho dela em minhas mãos, ela gemia e sussurrava em meu ouvido.
-- Seu corpo é delicioso, você é muito gostosa Pâm.
-- Quero você dentro de mim Dj, quero que você dite o ritmo do meu corpo.
Pedido aceito, a penet*ei, ela gem*u alto, levantou a cabeça, beijei seu pescoço, mordi, passei minha língua pela extensão dele todo. Sentei com ela em meu colo, alterei as estocadas entre rápidas e bem devagar, ela gemia e rebol*va, com a mão livre tirei seu soutien suguei seus seios com desejo, vontade, mordisquei, quando senti que ela ia goz*r, afastei meu rosto do seu seio para olhar nos olhos dela, ela gem*u e disse.
-- Vou goz*r, não aguento mais...
E assim senti seu corpo tendo espasmos e ela jogou seu corpo para trás. A trouxe de volta para mim, beijei seus lábios e a abracei, ficamos assim até nossa respiração voltar ao normal.
-- Gostou da surpresa? – ela disse com a cabeça ainda escondida no meu ombro.
-- Amei, mas eu quase tive um treco quando você começou comer aquele morango. – beijei o ombro dela.
-- A lingerie também estava perfeita. Você usou direitinho a informação recebida.
-- Quando eu a vi na loja hoje, me apaixonei, me lembrei na hora da informação e resolvi ver se era verdade.
-- Foi comprovada. Você foi simplesmente perfeita hoje meu anjo. – A envolvi em meus braços.
Senti o corpo dela pesar sobre o meu e ao me afastar notei que eu estava grudando, precisava de um banho urgente.
-- Meu anjo, preciso de um banho, estou toda grudando de chantilly.
-- Tá certo, vamos que eu vou limpar a sujeira que eu fiz. – me puxou pela mão até o banheiro.
Fomos ao banheiro, tomamos um banho bem demorado, a visão da água escorrendo pelo corpo da Pâm, acendeu de novo meu desejo e nos amamos mais uma vez.
Colocamos a roupa e fomos para cozinha fazer algo para comer, comemos uma salada com frango grelhado, arrumamos e fomos para a sala. Coloquei um filme para assistir e Pâm deitou no meu colo, fiquei fazendo cafuné até que ela se sentou e falou.
-- Já que você não vai falar vou perguntar, o que realmente aconteceu entre você e a Francis? Sei que você já me falou por alto, mas quero a história completa, quero entender. – Ela devia estar remoendo a curiosidade dela há bastante tempo, resolvi que era hora de falar.
-- Nós tivemos um relacionamento muito conturbado, a Francis nunca foi de ninguém, mas ela tinha um controle absurdo sobre a minha vida, sempre que eu me afastava dela ela dava um jeitinho e a gente acabava ficando, na hora era perfeito, mas quando o dia amanhecia, a cama ao meu lado estava sempre vazia. Mas ela sempre foi minha amiga, sabia o que estava acontecendo comigo só de olhar, ela me conhece como ninguém, acho que me conhece melhor do que eu mesma. – Esperei ela dizer algo, mas ela fez sinal para que eu continuasse.
-- Até que um dia, estávamos na cama, abraçadas, pela primeira vez ela havia ficado, estava diferente, mais atenciosa, carinhosa, parecia que tudo ia se acertar, mas ela recebeu uma ligação e simplesmente levantou, colocou a roupa e foi embora, durante o dia eu liguei, a Sil ligou, a Paulinha ligou e nada dela atender, nesse dia eu decidi que ela nunca mais faria isso comigo e não à vi mais, até o feriado pelo menos. – Pâm estava séria, então perguntou.
-- Mas e os porta-retratos? Porque estão vazios? – Apontou na estante e na mesa para alguns que ainda estavam por ali.
-- Todas as fotos que estavam neles eram minhas com ela, de viagens, passeios, reuniões em casa de amigos, tudo, em todos ela estava junto, e me machucava ver que nas fotos éramos mais unidas que na vida real, então tirei todas as fotos.
-- Acho que para ela nunca significou nada, ela nunca me prometeu nada, então eu nunca cobrei, achava que assim como eu, ela me amava, do jeito dela, mas amava, mas eu estava enganada, ela nunca amou ninguém.
-- Quando você diz que ela sempre dava um jeitinho, era o lance da lingerie né? Eu vi a propriedade com que ela disse que sabia o que te pirava a cabeça. – Ela baixou os olhos, ela estava triste com a constatação.
-- É.. Ela sempre sabe como ter tudo que ela quer, mas hoje não é mais assim. – Levantei o rosto dela pelo queixo e beijei seus lábios.
Pâm ficou em silêncio, acho que estava digerindo o que acabava de saber, respeitei o silêncio dela, apenas a puxei para que ficasse ao meu lado e a abracei, ela ficou assim por alguns minutos que mais pareciam horas, quando me olhou nos olhos de novo falou.
-- Se por acaso, vocês resolverem tentar de novo, quero apenas que você me conte antes de acontecer alguma coisa, sei que a história de vocês ficou mal resolvida e mais cedo ou mais tarde vão ter que conversar, só não quero ser a última, a saber.... – abaixou a cabeça de novo.
-- Pâm, minha história com ela acabou, não tem nada o que conversar, você não precisa se preocupar, só tem você na minha vida, não preciso de mais ninguém, só você.
-- Eu também quero muito você, mas quais as minhas garantias Zammorah? – Ela chorava, e ver as lágrimas dela me machucou por dentro.
A trouxe para meu colo, segurei seu rosto em minha mãos e não contive mais minhas lágrimas.
-- Pâm, tudo o que nós já vivemos até aqui, apesar do pouco tempo, foi muito intenso, será que depois de tudo isso você ainda precisa de garantias?
-- Vlá, não sei o que você sente por mim, só o que sei é que o sex* entre a gente é muito bom, mas nada vive só de sex*...- interrompi ela nesse momento.
-- Amor.
-- O que? – ela me perguntou ao ouvir o que eu havia dito.
-- Não fazemos sex*, fazemos amor, eu estou apaixonada por você Pâm, não queria, mas me apaixonei, e o que fazemos na cama, ou o que fizemos na praia, aqui nesse sofá algumas horas atrás, foi amor e não sex*. – Lágrimas escorriam dos seus olhos.
-- Não chore meu anjo, não aguento te ver triste. – fiz carinho no rosto dela.
-- Não estou triste, estou emocionada, feliz em saber que você está apaixonada por mim, porque eu também estou por você, e muito, Vlá, você o colorido de volta a minha vida, aquece meu coração com seu sorriso perfeito, com seus carinhos, seu cuidado, quando eu to com você, tudo fica perfeito, e você amor comigo de uma forma como nunca ninguém fez, você não toca só meu corpo, você toca minha alma.
Depois de ouvir essa declaração, a beijei com carinho, amor e com todas as minhas forças, nossas lágrimas se misturavam em nossas bocas, Pâm percorria meu corpo com sua mão de forma diferente, sem pressa, aproveitamos cada minuto desse carinho novo, como se quiséssemos guardar na memória cada parte de nossos corpos.
Encostei minha testa na dela e comecei a tirar a camiseta dela e a cada peça tirada, as coisas que antes eu apenas pensava, agora eu dizia.
-- Amo seu corpo, sua pele e seu cheiro, amo a forma como seu corpo responde ao toque das minhas mãos, da minha boca, da minha língua, amo a forma como você se entrega e se derrete em meus braços, mais eu amo mais ainda a intensidade com que você tem um orgasm* quando fazemos amor... – a beijei.
Ela gemia e rebol*va de forma muito sensual em meu colo, sussurrava em meu ouvido palavras que eu só entendia quando era meu nome, meu corpo ardia de desejo por ela, beijei seus seios, mordi, enquanto tocava seu sex*, fazendo carícias superficiais.
-- Ai Vlá, me toca como só você sabe... quero sentir você dentro de mim, vai...
A penet*ei e comecei num ritmo lento, gostoso, eu conseguia sentir cada tremor que percorria seu corpo, sua respiração ofegante, entrecortada no meu ouvido me deixava louca, senti que ela ia goz*r e aumentei a intensidade do toque até sentir ela goz*r agarrada em minhas costas, foi perfeito. Abracei ela e ficamos assim até recuperarmos as forças.
-- Adoro esse cheiro que fica no ar sabia? – Falei ainda abraçada a ela.
-- Que cheiro? – ela se afastou para olhar para mim enquanto me perguntava.
-- De sex*, a mistura do cheiro do seu corpo com o cheiro do prazer, é inebriante, alguém deveria fazer um perfume com esse cheiro, eu compraria com certeza. – dei um selinho rápido na boca linda daquela mulher.
-- Você não existe Vládia, você faz com que pequenas coisas se tornem imensas, eu amo isso em você sabia Dj?
-- Pâm, preciso te contar uma coisa, mas não fique brava por favor.
Pâm ficou tensa e me olhou nos olhos, fiquei com peninha e tratei logo de me explicar.
-- Calma meu anjinho, só ia dizer que preciso de um banho, de novo. – Me abaixei para me proteger dos tapas desferidos por ela.
Passamos o resto da noite conversando e brincando, baixei as fotos no meu PC e a foto da Pâm virou meu papel de parede, adormecemos quando já passava das 2hs da manhã.
Acordei e procurei a Pâm pela cama, não a encontrei, levantei e saí pela casa procurando, ouvi um barulho na cozinha e fui até lá, queria assustá-la, parei ao lado da porta da cozinha me preparei e fui.
-- Posso saber por que a mulher gostosa que gozou horrores na minha cama na noite passada não estava lá quando acordei? – Gritei enquanto entrava na cozinha num pulo.
-- Se a mulher gostosa que você se refere, for uma morena de parar o trânsito mocinha, ela saiu com a Silvia há 20 minutos, e, por favor, me poupe dos detalhes das coisas que você faz de madrugada sua descarada. – Disse D. Ana enquanto se virava para olhar para mim com uma xícara de café fresquinho nas mãos.
Putz, hoje era dia da Dona Ana fazer a faxina do apê, eu havia me esquecido, fiquei morta de vergonha, fui logo me desculpando.
-- Mama Ana, me perdoe por favor, pensei que fosse a Pâm na cozinha, que mancada. – Disse a ultima palavra mais para mim do que para ela.
Dona Ana sentou na cadeira me puxando para sentar ao seu lado, me entregou a xícara de café, puxou o cinzeiro com o isqueiro, me fez um carinho bagunçando meu cabelo e disse.
-- Não precisa se desculpar minha filha, se esse sorriso fácil na sua cara for por conta dessa morena, então fico feliz minha menina, não aguentava mais aquele zumbi que estava morando aqui nos últimos 2 anos. – Disse me dando um beijinho.
-- Obrigada mama Ana.
-- Agora tome esse café que vou pegar seu cigarro, acho que o vi na mesinha da ala quando entrei de manhã. – saiu da cozinha em busca do meu cigarro.
Dona Ana era uma senhora de 56 anos, que trabalhava em minha casa há 5 anos já, ela era viúva e tinha 2 filhos que há 10 anos moravam em SP e pouco a visitavam, então éramos uma família, eu e minha mama Ana como a chamava.
Ela voltou da sala com a carteira de cigarros, acendeu um e me deu, acendeu outro para ela, pegou mais uma xícara, se serviu de café e ficou lá comigo fumando e tomando aquele café delicioso que ela fazia com essência de amêndoas.
-- Mama, sabe onde elas foram? – perguntei entre um gole de café e outro.
-- Não sei minha menina, quando Silvia chegou aqui, vocês ainda estavam dormindo, então ela conversava comigo na cozinha quando a morena entrou, toda tímida, com carinha de sono, mas com um sorriso nos lábios.
-- E? – perguntei curiosa.
-- Curiosa! – ela ria da minha cara.
Ela sabia o quanto eu era curiosa e fazia sempre assim, dizia que depois falava ou simplesmente me chamava de curiosa.
-- Por favor mama. – Pedi juntando as mãos.
-- Tá bom. Ela cumprimentou a Silvia, se apresentou a mim, tomou café com a gente e foram para a sala, logo depois Sílvia veio até aqui dizendo que iriam sair, mas já voltavam.
Contei a Dona Ana minha história com a Pâm e disse também que a Francis tinha voltado.
-- Não acredito que essa menina voltou, minha filha, você não vai deixar ela voltar para sua vida também né? Dessa vez não vou ficar calada se ela fizer você sofrer de novo. – Ela me disse com uma cara bem brava.
-- Não mama, a Francis é passado, pode ficar tranqüila, não quero mais isso em minha vida. – Abracei ela.
Ainda abraçada a mim ela falou.
-- Menina, você sabe que eu só falo essas coisas porque me preocupo com você, eu vi o estado que você ficou com a partida dela, e me cortava o coração. – Ela era a única pessoa que brigava comigo para que eu reagisse.
Ficamos abraçadas um tempo, só nos separamos quando Pâm e Silvinha entraram na cozinha.
-- Que bonitinho, tá carente bebê? – Dizia Silvinha rindo da minha cara.
-- Não irrite minha menina já cedo Maria Sílvia, ou te dou umas palmadas. – Dona Ana falou brava brincando com ela.
Mostrei a língua a Silvinha que repetiu o gesto diante do olhar atônito de Pâm.
-- Parem já as duas com isso. – Dona Ana disse enquanto pegava meu café.
-- Pâm, essa senhora aqui mima demais a Vládia, trata ela como se fosse criança, quase um bebê, veja, até o café dela é diferente do que aquele que a gente tomou antes de sair. – Provocou Silvinha.
Dona Ana me deu mais uma xícara de café, e encheu mais uma e deu a Pâm.
-- Ela é uma menina, a minha menina Maria Sílvia, quanto ao café, quando vocês chegaram ele ainda não estava pronto e você nem gosta do café com essência. – Fez careta para Silvinha.
-- Dona Ana, esse café está delicioso, nunca tomei nada parecido. – Elogiou Pâm.
-- Obrigada mocinha, mas tenho uma pergunta para você. – disse séria.
Olhei para Silvinha que estava vermelha e explodiu numa gargalhada, eu também sabia o que viria pela frente, tentei falar, mas mama esticou o braço num gesto para que eu ficasse calada.
-- Pode perguntar dona Ana. – disse Pâm apreensiva.
-- Quais suas intenções com a minha menina? Saiba que ela já sofreu demais com aquele traste do passado, e não vou vê-la daquela forma de novo, pelo menos não em silêncio. – Mama cuidava de mim como uma mãe.
-- Nossa! São as melhores possíveis Dona Ana, não pretendo fazê-la sofrer, eu prometo.
-- Então, seja bem vinda a família minha filha. – A abraçou de forma carinhosa.
-- Agora vou limpar a casa, vou começar pelo quarto, espero não encontrar nada que me cause um enfarte lá. – Piscou para Pâm que ficou vermelha.
-- No quarto não tem nada mama, já na sala...- Rí com a cara de espanto da Pâm.
-- Meu pai do céu, vocês tem o que contra a cama hein?
-- Nada mama, é só que não deu tempo de chegar até ela. – Agora Pâm tava roxa.
Ela saiu da cozinha dizendo coisas que não entendi, puxei Pâm para o meu colo e a beijei, como senti saudades daquele beijo.
-- Onde vocês foram, posso saber? – Perguntei antes de tomar o que ainda restava do café em minha xícara.
-- Queria te dar um presente, pedi para Silvinha me levar para fazer, espera que vou pegar. – saiu da cozinha em direção a sala.
Olhei para Silvinha com cara de quem queria saber logo o que era.
-- Nem vem Zammorah, pode esperar ela te dar, não te darei nenhuma pista do que é.
Pâm entrou na cozinha com um embrulho na mão e me entregou. Abri o presente e me deparei com um porta-retrato digital, ficava passando algumas fotos nossas do feriado quando tocado na tela, mas quando estava parado, era foto que havia tirado da Pâm dormindo que ficava na tela, amei o presente.
-- Agora acho que você já pode voltar a ter fotos nessa casa né minha linda?
-- Nossa Pâm, amei o presente, mas acho que ele vai ficar congelado somente nessa foto sua.
Abracei ela e dei um beijo longo nela, nos separando quando dona Ana entrou na cozinha com a lata de chantilly e a travessa que ainda tinha alguns morangos nas mãos falando.
-- Como não tinha taças na sala, não quero nem imaginar onde vocês comeram essas coisas.
Pâm escondeu o rosto no meu ombro e Silvinha aproveitou para dizer.
-- Vejo que a lingerie surtiu efeito, mas não sabia dos morangos e nem do chantilly.
Rimos bastante da cara de vergonha que Pâm ficou, até que Dona Ana disse que iria preparar o almoço e que era para nós sairmos da cozinha.
Passamos o dia conversando, mama fez um bolo de laranja para o café da tarde e quando deu 18h Silvinha disse que iria embora fazer a mala para irmos para o sítio no sábado, mas que voltava para ir na boate que eu iria tocar e dormiria em casa.
As 22hs estava terminando de me maquiar quando Silvinha entrou no quarto com a Pâm me chamando por que já estava na hora de ir.
Chegamos na boate às 23hs, deixei Pâm e Silvinha no camarote e me dirigi a cabine de som, a noite estava bem animada, quase todos os homens da boate deram em cima da Pâm e da Silvinha, eu me divertia horrores vendo as duas praticamente fugirem das investidas masculina. Faltava pouco para encerrar minha noite quando Marcelo, o gerente da boate chegou me pedindo para cobrir o horário do Klaus DJ residente da casa que estava tocando em um casamento em Natal e havia perdido o vôo de volta, disse a ele que tudo bem e pedi que ele chamasse as meninas para mim.
-- Zammorah, como é que você esta sempre em “companhia” de belas mulheres hein garota? – fez o sinal de aspas com as mãos.
-- Deve ser meu sex appeal Má. – rimos juntos.
Pâm e Silvinha entraram na cabine de som, dei um beijinho rápido em Pâm e contei a elas sobre o pedido do Marcelo e disse que iria tocar até as 3hs ao invés de 1h.
-- Ah não Zammorah, eu estou um caco, preciso descansar um pouco, quero ir embora, além do que Pâm também me disse que está cansada. – Resmungou uma Silvia contrariada.
-- Você quer ir embora Pâm?
-- Queria, to muito cansada, mas tudo bem.
-- Faz o seguinte, vocês pegam meu carro e vão, quando acabar aqui eu pego um táxi, pode ser?
-- Pôxa lindinha, jura que não tem problema se eu for agora com a Sil?
-- Claro que não, podem ir, assim que acabar aqui eu recebo e vou. – Beijei as duas e elas foram embora.
Eram 2 hs da manhã quando a garota do bar entrou trazendo uma taça na bandeja, me entregou e disse que alguém havia mandado, achei engraçado, já ganhei de tudo enquanto tocava, mas ali, em uma boate totalmente hetero, nunca havia ganho nada, ri da situação e provei um gole da bebida, assim que ela desceu eu gelei, provei mais um gole para ter certeza que era aquilo mesmo que eu estava bebendo.
Para minha surpresa era batida de sonho de valsa e somente 2 pessoas sabiam que eu amava aquela batida e uma delas estava dormindo em minha casa, então só poderia ser a Francis, comecei a procurar por ela pela pista, pelos bares que dava para ver dali, camarote, mas nada dela.
Já havia bebido quase a batida toda e brincava com o canudo, sempre tive a mania de brincar, não bebia nada no canudo, afastava ele e bebia direto no copo, mas brincava com ele até o fim da bebida, senti aquele cheiro de perfume tão conhecido no meu passado, fechei meus olhos, sabia que ela estava ali, mas não tinha coragem de me virar e olhar nos olhos dela.
-- Ainda não perdeu a mania de brincar com o canudo Vlá? – A voz dela era doce, estava desarmada.
-- Algumas coisas continuam do mesmo jeito de quando você partiu Fran, mas só algumas. – Me virei para olhar para ela.
Estava linda, com um vestido florido soltinho, o cabelo preso com palitos japonês e deixava mechas soltas, uma maquiagem marcante, mas nada vulgar e sapatos de saltos muito altos.
-- Realmente, você continua linda Vlá. – Se aproximou de mim e fiquei tonta com o cheiro que vinha de sua pele e me queimava o nariz.
-- Como você conseguiu essa batida? Sei que aqui eles não fazem.
-- Eu fiz e trouxe, sabia que você estaria tocando aqui hoje, o Má me falou.
-- Faz muito tempo que eu não bebo essa batida, obrigada.
-- Disponha gata. – Piscou prá mim, ela não havia perdido a mania de me chamar de gata.
-- Mas o que a traz aqui? – Mudei rápido de assunto e me virei costas para ela, não estava gostando da atmosfera que nos envolvia no momento.
-- A música, a dança, a saudades desse lugar e principalmente a DJ que está tocando hoje. – Senti a respiração dela na minha nuca.
Eu estava preparando a música que iria entrar quando senti a proximidade dela, uma enxurrada de lembranças invadiu meus pensamentos, lembrei das vezes em que ela ia nas boates onde eu tocava e ficava me provocando na pista de dança, das vezes em que esperamos o dia amanhecer sentadas na areia da praia conversando besteiras ou namorando, das inúmeras vezes que fizemos amor, da entrega dos corpos, dos beijos, do cheiro...
Mas aí me lembrei de todas as vezes que ela foi embora sem se despedir, de quantas vezes acordei sozinha depois de uma noite intensa de sex*, da última vez que estivemos juntas, da dor que senti quando ela simplesmente desapareceu da minha vida, e então me lembrei da Pâm, do carinho, da segurança, da forma que ela fazia eu me sentir e resolvi terminar aquela conversa que não nos levaria a lugar nenhum.
-- Não vai funcionar Francis, não dessa vez, essa história eu já conheço o final e confesso que não gosto do desfecho dela.
-- Será que a gente pode ao menos conversar Vlá? Sei que eu fiz muita besteira, mas eu mereço uma chance para te explicar, você me deve isso. – Ela estava diferente, mais serena, eu ri do meu pensamento.
-- Eu não te devo nada Fran, absolutamente nada você me entendeu? – Ela tava pensando o que para me cobrar algo que com certeza quem me devia era ela.
-- Calma, eu só to te pedindo uma oportunidade de eu me explicar tudo bem? Ora Vlá, será que eu não mereço? Ou você? É só uma conversa, eu prometo. – Ficou me olhando a espera de uma resposta.
Eu não queria, não podia, Francis sempre conseguiu tudo de mim, mas ela estava certa, eu merecia uma explicação, eu precisava disso, pelo menos eu queria acreditar que era isso que eu queria.
-- Tudo bem Francis, eu termino aqui em mais ou menos 1 hs, enquanto espero o Marcelo fazer a transferência do dinheiro a gente senta no mezanino e você tenta me explicar.
-- Aqui não, vamos até...
-- É aqui ou em lugar nenhum, não vou sair com você, você decide. – Não deixei ela ter a chance de me convencer a sair de lá com ela.
-- Tudo bem branquinha, eu te espero lá no mezanino então.
Concordei com a cabeça e já estava me virando para ajustar o som que havia sido esquecido por mim quando senti um beijo quente em meu rosto e num sussurro ela disse que me esperaria lá fora.
Comecei a formular meu discurso, não daria espaço para ela me seduzir nem me usar de novo quando Andrey, o DJ residente chegou e disse que assumiria o som, mas que Marcelo só poderia efetuar a transferência no horário combinado.
-- Ótimo, agora terei que esperar mais de uma hora para ir embora e o pior, estaria na companhia da Francis. – Falei baixo tendo certeza que com a distancia que havia entre nós Andrey não me ouviria.
Recolhi minhas coisas e já me preparava para sair da cabine quando meu celular vibrou, tirei do bolso e vi que era uma mensagem da Pâm, abri para ler.
“DJ, esta cama tá imensa sem vc aki comigo, vem logo, meu corpo está com saudades do seu.
Quero fazer amor com vc antes de dormir,
Bjs”
Era tudo que eu precisava para resistir às investidas da Francis, guardei o celular no bolso e me dirigi ao bar, peguei uma cerveja e fui para o mezanino com a imagem da Pâm e do seu sorriso na cabeça.
Cheguei lá e a procurei com os olhos, mas não encontrei, será que ela tinha ido embora? Talvez fosse melhor assim, me sentei em uma mesinha ao canto, peguei meu cigarro na bolsa e já ia acender quando ela sentou na minha frente, pegou o cigarro da minha boca, acendeu e me devolveu como sempre fazia.
-- Obrigada, mas não precisava fazer isso, vamos logo ao que interessa, parei mais cedo, então irei mais cedo também, você não tem muito tempo. – Tomei um gole bem servido da cerveja.
-- Nossa, você já foi mais educada, mas tudo bem, mas só para você saber, já sei que você vai sair no horário, pois encontrei com o Marcelo e ele estava saindo e me disse que voltaria em mais ou menos 2hs para te pagar. – Putz, me pegou na mentira.
O silêncio que se instaurou ali naquela hora era ensurdecedor, foram só alguns minutos, mas me pareceram horas, me levantei e fui em direção ao bar do mezanino, peguei uma coca e voltei.
-- Vlá, não sei por onde começar, mas vou tentar, só peço que você ouça tudo até o final e de coração aberto antes de falar qualquer coisa tá bem? – Esfregava as mãos em um gesto nervoso.
-- Tudo bem, ouvirei. – Abri a coca, acendi um cigarro, me ajeitei na cadeira e fiz sinal para que ela começasse a falar.
-- Meu padrasto estava fazendo tudo errado nas empresas da minha família, a construtora estava à beira da falência por que ele confiou nas pessoas erradas, não acompanhava as compras de materiais e nem o pagamento dos funcionários, quando mamãe me ligou e disse que precisava de mim urgente, eu achei que resolveria tudo em alguns dias, mas quando cheguei lá constatei que as coisas não eram fáceis assim como eu pensava, passei mais de 1 ano para colocar as contas em ordem, tivemos que nos desfazer da loja de carro e da oficina senão perderíamos a construtora. Mamãe quase enlouqueceu quando lhe mostrei a real situação das empresas.
-- Sentia muita falta da Sil, da Pandinha, mas sentia uma saudade absurda de você, sonhava com você quase que diariamente, me sentia angustiada, mas naquele momento minha família precisava de mim, várias vezes eu liguei para você com o número confidencial só para ouvir sua voz e desligava quando você atendia. – Tomou o que restava em seu copo e acendeu um cigarro.
-- Mas eu precisava focar nas empresas, não poderíamos perder o patrimônio que meu pai levou uma vida inteira para conseguir, aquilo tudo é meu e da minha irmã, mas a Cris não entende nada desse negócio, então sobrou para mim.
-- Naquele dia em que eu fui embora sem me despedir, eu havia decidido que não fugiria mais dos meus sentimentos, decidi que era você quem eu queria, estar com você era tudo que eu precisava, mas tudo aconteceu de repente, quando minha mãe me disse por alto no celular o porquê dela estar precisando de mim em São Paulo, perdi a capacidade de raciocinar, sabia que se eu falasse qualquer coisa com você eu não conseguiria partir, por isso saí daquele jeito, nunca soube e ainda não sei lidar com meus sentimentos. – Pegou minhas mãos entre as suas e continuou.
-- Sei que passei 2 anos fora e não tenho direito, sabia que esse tempo deveria ter deixado muitas cicatrizes em nós duas, mas hoje vejo que as suas são maiores do que as minhas, mas também sei que você não é indiferente a mim, me dá uma chance Vlá, dá uma chance prá gente, Eu Te Amo!
Tirei minhas mãos das suas, eu esperei tanto tempo para ouvir que ela me amava, que o que a gente tinha não era passageiro, mas tudo pareceu errado naquele momento, eu não estava mais sozinha, eu tinha sofrido tanto por ela, tinha me fechado para o amor, não permitia que as pessoas fizessem parte da minha vida além de alguns beijos e algumas horas de sex* até que conheci Pâm, pensar na Pâm me trouxe de volta a realidade, Francis me olhava apreensiva, tomei o que ainda tinha da coca, acendi outro e cigarro respirei fundo, era minha vez de falar.
-- Você não sabe o quanto eu esperei para ouvir você dizer que me amava que não era indiferente a mim, mas como você mesma disse, ficaram muitas cicatrizes, eu sofri muito com sua ausência, parei de trabalhar, deixei de sair, minha vida perdeu o colorido, carregava uma dor insuportável dentro do meu peito, mas consegui me levantar e aos pouco retomei minha vida e hoje tenho uma pessoa que me dá tudo o que você me negou, nosso tempo passou Francis, é tarde. – Senti que tinha lágrimas em meu rosto e vi que ela também tinha no dela.
-- Eu sabia que não seria fácil, mas vou deixar você pensar, não vou desistir de você branquinha, vou te reconquistar, você vai me amar de novo, eu sei que vai.
-- As coisas mudaram muito nesses dois anos que esteve fora, eu mudei, não sou mais aquela menina boba que esperava ansiosa por um telefonema seu, um olhar, um sorriso, um beijo, não sou mais a sua sombra... – Colocou um dedo em meus lábios impedindo que eu terminasse a frase.
-- Já disse que vou te reconquistar, é só uma questão de tempo meu docinho.
Nesse momento Marcelo chegou com o comprovante de transferência para mim, aproveitei a presença dele para me levantar e pegar minhas coisas alegando que já estava tarde e que precisava ir embora, me despedi do Marcelo com um beijinho e disse apenas um tchau para Francis, fui praticamente correndo para rua, eu precisava de ar, saí a procura de um táxi e não havia nenhum em frente a boate, já ia pegar meu celular para ligar para um táxi quando senti uma mão em meu braço, me virei e vi Francis me olhando intensamente.
-- Deixe de ser boba, não precisa pegar um táxi, vem comigo, eu te levo. – E começou andar me puxando.
-- Não vou a lugar algum com você Francis, não sonhe, me solte. – Puxei com força meu braço me soltando dela.
Ela me olhou com cara de quem não entendia nada, precisava sair urgente da presença dela e para minha sorte um taxi estava estacionando no ponto, entrei nele e disse apenas meu destino.
-- Bairro de Boa Viagem, por favor.
Enquanto o motorista acertava o cinto de segurança Francis se aproximou da minha janela se abaixando e apoiando nela, segurou meu rosto em suas mãos, me deu um beijo cheio de saudades e disse.
-- É só uma questão de tempo docinho, nós temos uma história juntas e está inacabada, tenha uma boa noite. – Se levantou e foi embora.
O motorista do táxi perguntou se já podia seguir eu apenas concordei e fomos. Sentia o gosto dela em minha boca, um sentimento estranho invadiu minha alma, não sabia bem como definir o que estava sentindo, mas sabia que não seria nada bom alimentar esse sentimento.
Cheguei em casa e entrei sem fazer barulho, tomei um banho no banheiro social, não queria acordar a Pâm, precisava por em ordem meus pensamentos, tomei um copo de leite, escovei meus dentes e estava indo para o quarto quando ouvi o celular da Silvinha tocando e ela atendendo, entrei rápido no meu quarto e fechei a porta, deitei bem devagar na cama e abracei a Pâm, ela meio sonolenta ainda, me deu um beijinho dizendo.
-- Bem vinda de volta. – Se aconchegou em meus braços e dormiu de novo.
Era a certeza que eu precisava para saber que era ela quem eu queria, logo adormeci.
Acordei com o sol entrando pela janela, tava quentinho, procurei a Pâm pela cama e não encontrei, levantei e tomei um banho, fui para a sala e nada, a casa estava em total silêncio, fui para cozinha, tinha café fresquinho, me servi uma xícara generosa e sentei para tomar.
Pouco tempo depois escutei a porta da sala abrir e ouvi Pâm e Silvinha conversando.
-- Ela chegou tarde, deve estar cansada, vamos deixar ela dormir mais um pouco Sil.
-- Já são quase 10hs, vamos chegar tarde nas meninas.
-- Ainda são 9:05, deixe de drama. – Pâm ria da cara da Sil.
Levantei e fui para sala, elas estavam sentadas no sofá, Pâm ao me ver levantou e me deu um abraço com um beijo gostoso.
-- Bom dia minha linda, acordou há muito tempo?
-- Há um tempinho, procurei vocês e não encontrei, encontrei apenas o café. – Brinquei mostrando minha xícara.
-- Silvinha queria te acordar, mas eu não deixei, sei que chegou tarde, que horas eram?
-- Acho que eram umas 4hs, você dormia tão gostoso que fiquei com pena de te acordar.
-- Deveria ter me acordado, demorei demais para pegar no sono, você não tem noção do quanto àquela cama fica imensa sem você. Beijou meus lábios.
-- Chega de papo e vamos descer, já tá ficando tarde, depois vocês apagam esse fogo eterno que sai de vocês quando chegam perto uma da outra. – Ria uma Silvinha mandona.
-- Bom dia pestinha da minha vida. – Brinquei com ela.
-- Ah, você me enxergou na sala agora?
-- Bobinha, sabe que te vejo a kms de distancia. – Baguncei seu cabelos.
-- Vou pegar umas coisas que esqueci no quarto e já volto. – Pâm foi em direção ao quarto.
-- 4:45.
-- O que Silvinha?
-- 4:45, foi essa a hora que você chegou em casa. – Então ela me viu chegar.
-- Sabe quem me ligou exatamente nesse horário Zammorah? – Cruzou os braços me encarando.
-- Imagino quem seja, mas fique sabendo que eu vim de táxi.
-- Eu sei, sei também da despedida de vocês, da conversa, Zammorah, eu gosto muito da Fran, mas se afaste dela, ela te faz mal e a Pâm não merece.
-- Relaxa Sil, nada vai mudar a Francis é passado.
Silvinha ia dizer mail alguma coisa, mas como ouviu Pâm voltando do quarto se calou.
-- Vamos meninas?
-- Nem peguei minhas coisas ainda.
-- Vládia, eu e a Pâm já colocamos tudo no carro, só falta sua bolsa.
Estávamos na estrada, quase chegando, quando meu celular tocou, era Pietra, pedi que Silvinha atendesse.
-- Pietra queria saber se chegaríamos antes do almoço.
-- Em 20 minutos estaremos lá.
As meninas brincavam no carro enquanto eu dirigia, quando cheguei na entrada, as lembranças daquele lugar povoaram minha mente, a última vez que eu estivera naquele lugar Francis estava comigo, depois que ela desapareceu nunca mais fui lá.
Ao longe vi Paulinha a cavalo e próximo a ela estava Francis, as duas cavalgavam de forma graciosa, em frente à casa, Pietra já nos esperava.
Cumprimentamos Pietra e ela nos levou aos nossos quartos para guardarmos as coisas e nos sentamos na varanda que cercava a casa. Pietra chamou Silvinha na cozinha, Pâm e eu ficamos admirando aquela parte linda da natureza, a fazenda era incrível, quase um paraíso, ao fundo ouvia-se o som dos pássaros e outros bichos que o pai da Paulinha criava, ele tinha belos cavalos ali, essa era uma das paixões da minha amiga. Abracei Pâm e ela descansou sua cabeça em meu ombro, ficamos assim, em silencio, por alguns minutos.
-- Aqui tem uma paz incrível não acha? – Perguntei a ela.
-- Tem sim, é muito bonito aqui.
-- Amo esse lugar, o cheiro da natureza, o canto dos pássaros, a noite aqui é linda, sem as luzes e o barulho da cidade, o céu fica repleto de estrelas, perfeito para namorar. – Beijei de leve os lábios dela.
-- É lindo aqui não acha Pâm? – Pietra chegou perto de nós.
-- É sim Pietra, muito.
-- Você gosta de cavalos? Se quiser andar tem uns bem mansinhos aqui.
-- Gosto sim, acho um animal fascinante, mas eles lá e eu aqui, tenho medo.
-- Que pena, é a melhor forma de se conhecer a fazenda.
Pietra estava sendo formal de uma forma exagerada, mas como ela falava tudo mirando o horizonte não pude decifrar seu olhar.
-- Você se importaria se a branquinha fosse dar uma volta comigo à cavalo Pâm?
-- Não me importo, Silvinha vai também?
-- Não... eu... eu vou ficar aqui com você Pâm, mais tarde quem sabe eu me aventuro por essa fazenda.
Como Pâm olhou de uma maneira desconfiada para Silvinha que gaguejou enquanto respondia, Pietra se adiantou para explicar.
-- A realidade é que não estou bem, briguei feio com a Paula hoje de manhã e estou querendo conversar com a Vládia, não é que eu não confie em você para me abrir, é só que é um pouco complicado para mim, você me entende? – se explicou Pietra.
-- Claro que sim, sem problemas, podem ir. – Me beijou e foi com Silvinha trocar de roupa para irem à piscina.
Seu Pedro chegou com 2 cavalos e nos entregou, saímos em direção a parte de trás da casa. Depois de alguns minutos em silêncio Pietra falou.
-- Você não quer me contar nada branquinha?
-- Por quê? Tenho certeza que a Silvinha já fez isso, então deixe de enrolar e diga logo o que quer.
-- Calma Zammorah, posso saber o porquê dessa grosseria? Só queria conversar.
-- Me desculpe Pietra, acho que é o cansaço, só isso. Pode continuar.
-- Por que você beijou ela Vlá?
-- Eu não a beijei, foi ela que me beijou, e nem foi um beijo de verdade Pietra, foi mais um estalinho.
-- Mas o que você fazia sozinha com ela Zammorah?
Contei a ela que o Marcelo pediu para cobrir o horário por que o Klaus não havia conseguido voltar para tocar, da batida que ela me levou, da conversa que tivemos, minha amiga ouvia tudo em silêncio, as vezes abria e fechava a boca, mas sem nada dizer.
-- Então, foi isso, ela me beijou quando eu já estava dentro do táxi.
-- Ela é mais louca do que eu pensei que ela era. Mas e você, como ficou com isso tudo?
Soltei todo o ar do meu pulmão e respirei bem fundo antes de responder.
-- Sabe o que é mais engraçado amiga? Eu sempre esperei ela dizer que me amava, visualizei a cena mais de mil vezes, era tudo o que eu mais queria, mas não foi como eu pensei que seria, foi estranho sabe?
-- Vlá, não deixe ela bagunçar tudo de novo, a Pâm não merece isso, você não merece isso, e depois, você conhece a Francis, daqui um tempo ela muda de idéia, e daí? Como você vai ficar amiga?
-- Pietra, relaxa, ela não vai fazer nada, eu não quero mais, mas depois de tudo que eu te falei sobre ontem a noite, não posso te afirmar que fiquei indiferente a tudo, mexeu comigo, meu ego, não sei precisamente o que senti e sinto com tudo isso, só sei que estou bem com a Pâm e é assim que vamos continuar.
-- Certo, mas depois de amanhã a Pâm vai embora, e daí mocinha, como vai ficar?
-- Acha que eu não pensei nisso já? É só eu me manter bem longe dela que tudo ficará bem.
-- Não vejo como isso pode dar certo, mas se você diz, eu acredito né minha amiga maluquinha.
Andamos mais um pouco em silêncio, eu perdida nos meus pensamentos e ela nos dela, o clima tava agradável, o sol não estava muito quente, o cheiro de mato inundava meu nariz, purificando por dentro.
-- A Pâm já sabe que você encontrou a Francis ontem? Você sabe que ela vai dar um jeitinho de tocar no assunto do encontro de vocês né? – Pietra como sempre tinha razão.
-- Será? Quando voltarmos eu contarei para ela, é melhor que saiba por mim mesmo.
Galopes interromperam a nossa conversa, era Paulinha e a Francis que se aproximavam de nós, Francis era graciosa demais em cima de um cavalo, cavalgava de forma muito sensual, e a visão daquela mulher se movimentado em cima daquele animal, daquele jeito, me arrepiou inteira.
-- Estou vendo como vai ser fácil. – Ria de mim minha amiga olhando a cara que eu estava.
-- Bom dia meninas! – Disse uma Paulinha animada.
-- Bom dia delícia. – Francis disse baixinho enquanto passava por mim.
-- Bom dia choco! Continua cavalgando de forma sensual, acho que minha amiga ali deve passar poucas e boas com você na cama. – Pietra me olhou com cara de que não acreditava no teor do meu comentário.
-- Ela dá conta e nunca reclamou, é tudo que você precisa saber. – Me respondeu enquanto se esticava para beijar a mulher.
-- Cadê sua namorada Zammorah, não veio? – Era Francis com um tom que beirava o desdém.
-- Ela ficou com a Sil, ela tem medo de cavalo, então eu vim sozinha com a Pietra.
-- Pietra, vou voltar, você vai com as meninas ou vai comigo?
-- Nós também vamos voltar, to doida prá cair na piscina.
Voltamos juntas, Pietra e Paulinha na frente eu e Francis atrás. Para não ter que conversar com a Francis, eu ia atormentando Pietra na minha frente.
-- Vlá, você ainda cavalga como antes? – Sua voz saiu quase num sussurro ao meu lado.
-- O quê?
-- Calma, me referia ao cavalo, mas se quiser me dizer sobre outro tipo que cavalgada, fique a vontade, sou toda ouvidos.
-- Sim.
-- Sim, para qual dos dois?
-- Os dois, mas infelizmente você só poderá ver a do cavalo.
Me afastei dela, indo parar ao lado das meninas, sussurrei no ouvido da Pietra um pedido de ajuda, ela se adiantou com o cavalo e fazendo a volta me deixou entre ela e Paulinha, agradeci com um olhar, ela apenas sorriu.
-- Zammorah, uma aposta, que chegar 1º na frente da casa, o que acha?
-- Ganha o que Francis?
-- Você eu não sei, eu vou querer um beijo. – Piscou para mim.
-- Isso, eu serei a juíza para que não haja trapaças. – Paulinha se arrumou para logo em seguida sair em disparada em direção a casa.
-- Pietra, sua mulher realmente tá com problema sério na cabeça, juro que tá.
-- Tá com medo Zammorah?
-- Claro que não. – Pronto, agora quem endoidou fui eu, tava aceitando as provocações dela.
-- Tá sim, só não sei se tá maquinando como vai fazer para perder essa aposta ou se não sabe como pedir para que eu pague caso eu venha à perder.
-- Nem nos seus melhores sonhos meu bem.
-- Olha só, eu só cobrarei ou pagarei quando aquela aguadinha tiver ido embora.
-- Você não precisa fazer isso Vlá. – Pietra me disse.
-- Tá certo Francis, vamos lá, a última a chegar vai ter que pular na piscina de roupa e tudo.
-- A aposta não é essa Zammorah.
-- Agora é.
Saí em disparada com a Francis gritando atrás de mim, de longe eu vi Pâm, Silvinha e Paulinha olhando na direção em que estávamos indo abaixei um pouco meu dorso e assim aumentei a velocidade, venci a corrida com uma vantagem de apenas alguns segundos.
-- Zammorah você me paga, você trapaceou e sabe disso. – Resmungava Francis assim que chegou perto de mim.
-- Ora Francis, seja uma boa perdedora e pague a aposta enquanto vou receber minha prenda pela vitória. – Fui em direção a Pâm.
-- Então senhorita, já que eu ganhei a corrida, poderia me presentear com um beijo seu?
Ela me envolveu com seus braços e me beijou longa e docemente enquanto Francis ia em direção a piscina e pulava.
-- Branquinha você é um terror sabia? – Pietra falou quando passou por mim.
-- Vou trocar de roupa e já volto, me encontro com vocês na piscina.
Beijei a Pâm e fui para o quarto, separei meu biquíni e fui tomar um banho. Estava saindo do quarto e esbarrei em Francis no corredor.
-- Você trapaceou e sabe disso, mas tudo bem, tempo eu tenho de sobra.
-- Você não desisti mesmo né?
-- Não, você me conhece bem, não sei por que pensou que eu desistiria principalmente de você.
-- Sabe Francis, se você me dissesse isso tudo há 2 anos atrás, eu seria a pessoa mais feliz desse mundo, mas hoje... Por que você tá fazendo isso, por que você não pode simplesmente me deixar viver em paz? Eu consegui seguir em frente, retomei meu trabalho, minha vida, deixei de suspirar pelos cantos e finalmente parei de esperar por você.
-- Não posso, simplesmente pelo fato de que de tudo que você falou agora, em nenhum momento você falou na Pâmela, não posso, será que você não vê que eu sinto saudades de você exatamente como você sente de mim, meu corpo deseja você assim como seu corpo deseja o meu, minha boca quer a sua do mesmo jeito que a sua quer a minha?
Se aproximou de mim, envolveu minha cintura me puxando mais para perto, seus lábios ficaram próximos ao meu esperando minha reação, não resisti, o beijo começou suave, tímido, saudoso e em segundo se tornou exigente, intenso, me dei conta de que eu sentia falta dela, do gosto do seu beijo, da intensidade, era como fazer amor através de um único beijo.
Fim do capítulo
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